Varejo de Minas espera 2015 pior do que o ano passado

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Entidades estão pessimistas diante da combinação de fatores econômicos

 



Se 2014 já foi um ano difícil para a economia brasileira e representou baixo crescimento para o varejo nacional, de apenas 3,7%, o pior desempenho do setor nos últimos 11 anos, 2015 promete ser ainda pior. Representantes de entidades do comércio em Minas Gerais não estão nada otimistas com o ano que vem pela frente, embora acreditem que as primeiras mudanças anunciadas pelo governo federal possam trazer algum fôlego para a economia. Enquanto nada se confirma, a palavra de ordem é cautela.

De acordo com o economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Caio Gonçalves, a combinação de fatores econômicos nacionais e internacionais deverá inibir ainda mais o desempenho dos setores brasileiros, sejam eles da indústria, do comércio ou de serviços. Entre as questões externas, o economista cita a política monetária dos Estados Unidos, a queda do preço do petróleo e a crise na Rússia.

"Como o cenário internacional não está propício, precisamos cada vez mais ter o foco no mercado interno, que também não é dos melhores. Será um período difícil, de ajustes. Mas é preciso que os ajustes sejam feitos com cautela", pondera.

Ele cita as medidas que já vêm sendo adotadas pela presidente Dilma Rousseff em seu segundo mandato, principalmente as que dizem respeito ao campo econômico. "Há indícios de que, pelo menos, as coisas no campo político podem melhorar. Mas, ainda assim, teremos a continuidade da pressão na inflação e o conseqüente aumento da taxa de juros, que acaba inibindo o consumo, Àsalvação" da economia nacional nos últimos anos", justifica.

Por isso, a expectativa de Gonçalves é que o primeiro mês deste exercício ou até mesmo o primeiro trimestre dite os rumos do que será 2015. No entanto, segundo o economista, ao que tudo indica, o principal desafio para o varejo especificamente será "sobreviver ao conturbado cenário". "Diante destas mudanças inicialmente propostas, teremos um cenário mais transparente para os comerciantes. Por mais que haja elevação dos juros e limitação do crédito e redução do consumo das famílias, haverá uma melhoria no cenário para tomada de decisões. O ambiente se tornará mais seguro", avalia.


Cautela - O vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marco Antônio Gaspar, acredita que este será um ano de crescimento menor para o setor, mas ainda assim, positivo. Isso porque, conforme ele, será um exercício de mudanças e cautela. A aposta se deve sobretudo às taxas de desemprego ainda baixas, o que em sua opinião, poderá manter o nível do consumo.

"Desde o ano passado que o comércio vem assumindo as perdas da indústria e segurando o desempenho econômico do país. Daqui para frente já não sabemos se isso será possível. Por isso, a recomendação é de cautela. Os empresários precisam estar atentos ao cenário e deixar investimentos e contratações para outro momento", afirma.

Desta maneira, o vice-presidente da entidade acredita que o principal desafio para 2015 será o crescimento dos negócios, já que as adversidades surgiram mesmo antes do ano iniciar. "Se o setor registrar crescimento ao fim deste exercício, já terá valido a pena. Empate já estará muito bom, mas o desafio será crescer", sugere.


Desaceleração - O presidente do Conselho Empresarial de Economia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Manuel Raimundo de Matos, é mais pessimista. Para ele, o Brasil não deverá apresentar crescimento econômico neste exercício e o setor deverá acompanhar o ritmo com desaceleração.

"Até então o Brasil somente adotou modelos equivocados de ampliação do consumo das famílias. Sem reformas, de maneira artificial, perdendo credibilidade no mercado externo, com a indústria em franca decadência e sem sustentação do varejo. Agora, momento em que as circunstâncias são ruins, fica complicado manter resultados crescentes", avalia.

A redução da oferta de crédito, em decorrência do aumento das taxas de juros, deverá afetar também o consumo. "Vai ser um ano de aperto de cintos e de crescimento baixo para o setor. A classe C, inclusive, vai reclamar bastante, já que vai perder muitos privilégios que até então tinha conquistado. Pode ser que 2016 seja um pouco melhor. Vai depender da continuidade da política de ajustes que dizem estar sendo adotada", ressalta.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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