Lojistas pessimistas em relação ao Natal

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Cautela maior após o anúncio do governador de que o 13º do funcionalismo será creditado só em 20 de dezembro

 

 



Os lojistas de Belo Horizonte, que já estavam pessimistas em relação ao desempenho das vendas de Natal, aumentaram ainda mais a cautela após o anúncio do governador Alberto Pinto Coelho de que o 13º salário do funcionalismo público de Minas Gerais será creditado, em parcela única, somente no dia 20 de dezembro, dia muito próximo à data comemorativa.

Para os lojistas, a maior concentração de compra na última semana pode interferir de forma negativa no desempenho das vendas. Já para as entidades representantes do setor, o impacto será pequeno, uma vez que é costume dos brasileiros deixar as compras para a última hora.

De acordo com o sócio-diretor da Mixpel Floresta, Adriano Boscatte, a decisão do governo provocará reflexos negativos nas compras. "A decisão é péssima para o comércio, que é um dos maiores geradores de riquezas e de empregos. Por isso, uma medida como essa precisava ser tomada com maior cautela, uma vez que o ônus é do comerciante", avalia.

Para o empresário, a injeção do 13º salário na economia começa a alavancar as vendas em novembro, já que muitos consumidores, em posse do montante, antecipam as compras. "Concentrar o pagamento para tão próximo ao Natal pode afetar a capacidade de atendimento dos estabelecimentos e desagradar o consumidor, que vai comprar menos ainda", avaliou.

A cautela será mantida em relação às vendas para o Natal. "Nossa expectativa é manter os resultados obtidos no mesmo período de 2013, o que se concretizado será uma vitória. A instabilidade econômica e a maior inadimplência da população são fatores que vêm impactando no desempenho das vendas. No nosso caso, que comercializamos brinquedos, nosso termômetro para o Natal é o Dia das Crianças, que neste ano não apresentou crescimento", ressalta.


Qualidade - Para o diretor comercial da K9, Anderson Borges, a maior concentração das vendas próximas ao Natal poderá interferir na qualidade e capacidade de atendimento. "Normalmente uma parcela da população já deixa as compras de Natal para a última hora, com o pagamento do 13º do funcionalismo estadual somente no dia 20 de dezembro, a tendência é que a concentração seja muito maior", enfatiza.

Borges observa ainda que o acúmulo pode trazer resultados negativos, já que a capacidade de atendimento fica comprometida, o que pode desestimular o consumidor. "Também cria ansiedade, porque investimos em treinamentos, coleções, aumento dos estoques e da equipe e, provavelmente, até a primeira quinzena de dezembro, poderemos não efetuar as vendas como planejadas".

A expectativa de Borges, para o Natal, também é de manutenção dos resultados obtidos em igual período comemorativo de 2013. "Na nossa empresa, a expectativa é manter os resultados, o que na verdade significa uma queda próxima de 6% quando considerada a inflação do período", explicou.

Prioridade são compromissos financeiros

Para o economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Gabriel Ivo, o pagamento do benefício para o funcionalismo estadual próximo ao Natal trará poucas conseqüências para o comércio, isso pelas expectativas em relação ao período já estarem pessimistas e por boa parte da população priorizar o pagamento de compromissos.

"Não esperamos mudanças muito significativas, o consumidor vem mostrando que pretende destinar o 13º salário para o pagamento de dívidas e compromissos em janeiro, como impostos, por exemplo. Além disso, com a inflação em alta, o orçamento doméstico está limitado e o consumo reduzido, por isso, acreditamos que o desempenho do comércio no Natal será muito parecido com o de 2013, que não foi um período positivo", disse.

Para a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) Ana Paula Bastos, mesmo com o pagamento do 13º salário próximo ao Natal, o desempenho das vendas não será afetado. "O consumidor que estiver planejando fazer compras, as farão de qualquer forma. A desvantagem é que o tempo para fazer pesquisas de preços será menor", avalia.

Em relação aos comerciantes, diz ela, será fundamental treinar as equipes para que o atendimento seja eficiente, uma vez que a tendência é de grande concentração do público nos últimos dias que antecedem a festividade.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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