Como vão ficar os juros ao consumidor com a alta da Selic

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Embora o efeito seja considerado mínimo, o consumidor deve ficar atento e pesquisar antes de fechar negócio

 



Com a elevação da taxa básica de juros (Selic), de 11% para 11,25% ao ano, o consumidor que financiar um automóvel de R$ 25 mil em 60 parcelas deverá desembolsar R$ 203,82 a mais pelo bem, segundo simulação de crédito realizada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

O valor do carro passaria de R$ 40.986,11, com taxa mensal de 1,79%, para R$ 41.189,92 e juros de 1,81% ao mês. Já as parcelas subiriam de R$ 683,10 para R$ 686,50, um incremento de R$ 3,40. Embora seja pequeno e não gere grandes impactos no mercado, ao ponto de prejudicar as vendas, o aumento faz diferença no bolso das pessoas, principalmente, quando consideradas outras operações de crédito, como juros do comércio, cartão de crédito, cheque especial e empréstimo pessoal.

No caso de um empréstimo pessoal bancário de R$ 5 mil, dividido em 12 prestações, a simulação da Anefac revela um acréscimo de R$ 7,30 no total pago pelo financiamento, considerando que o valor passa de R$ 6.187,13 para R$ 6.194,43. As parcelas variam R$ 0,61, saindo de R$ 515,59 para R$ 516,20. A taxa mensal de juros, por sua vez, sobe de 3,44% para 3,46%.

Atenção


"O efeito dessa medida é mínimo. Alguns centavos na prestação não vai comprometer as operações de crédito, mas é hora de o consumidor ficar atento e pesquisar antes de fechar negócio. Alguns bancos, que já estão com as taxas de juros altas, podem repassar um aumento maior que 0,25%, prevendo novas altas da Selic", diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac.

Credibilidade

O executivo destaca que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em elevar a taxa básica de juros da economia brasileira busca recuperar a credibilidade do mercado, que ficou ainda mais sensível durante o período eleitoral.

"Dessa forma, o governo está mostrando que está preocupado com a inflação, podendo ganhar mais confiança. Assim, também ganha tempo para escolher os novos nomes, como o futuro ministro da Fazenda, por exemplo", acrescenta Miguel de Oliveira. Ele lembra que a Selic já chegou à mínima histórica de 7,25% ao ano, em 2012, e vem sendo elevada sucessivamente.

Diálogo


Para o economista Alex Araújo, o governo já começou a recuperar a credibilidade do mercado quando a presidente Dilma Rousseff disse, durante seu discurso de reeleição, estar disposta ao diálogo. O compromisso dela em combater a inflação, acredita, também ajuda a gerar mais investimentos no País.

"O mercado está se acalmando. E esse comportamento também está sendo influenciado pela especulação que está sendo feita em relação ao próximo ministro da Fazenda, em que nomes como o de Luiz Carlos Trabuco, presidente-executivo do Bradesco, aparecem", afirma.

Impacto

Em relação ao aumento da Selic, o economista avalia que o impacto será sentido, de imediato, nas taxas para financiamento de curto prazo, a exemplo das compras com cartão de crédito e utilização do cheque especial. Para as operações de longo prazo, aponta, as taxas poderão até mesmo cair ao longo dos próximos meses. Mas isso vai depender de como o governo conduzirá a política econômica.

Alex Araújo ainda ressalta que a elevação da taxa básica de juros em 0,25%, de certa forma, imunizará os setores de energia e combustíveis de aumentos significativos.

"Quando os reajustes do setor vierem, no próximo ano, deverão vir com menor impacto para o consumidor", complementa o economista.



Veículo: Diário do Nordeste


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