Crise reduziu venda de peças de roupa em 600 milhões em 2016

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Indústria diminuiu sua produção em 6,7%, mas vê início de recuperação

 



-SÃO PAULO- A indústria brasileira de vestuário vendeu 600 milhões de peças de roupa a menos ao varejo em 2016, uma queda de 10,7% em relação aos 6,7 bilhões de itens comercializados no ano anterior. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), que apresentou ontem balanço do setor têxtil e atribui a nova retração do mercado à crise econômica vivida pelo país.  Na esteira da queda de vendas ao varejo, no ano passado a produção de vestuário contraiu 6,7%. De acordo com o presidente da Abit, Fernando Pimentel, os percentuais menores de retração da produção quando comparados ao de vendas sinalizam o início de uma retomada.


— Só temos números feios, quando olhamos o quadro de dados relativos ao ano passado — disse Pimentel, ponderando que o cenário para este ano pode ser diferente. — Há pontos favoráveis para 2017 como as quedas das taxas de juros, algum alívio na inflação e melhoria do crédito. Com a retração da atividade, o volume de investimentos no setor também caiu ao longo do ano passado. Enquanto em 2015 o volume de investimentos totalizou R$ 2,24 milhões, em 2016 ficou em R$ 1,67 milhão, valor 25% menor.


As projeções da Abit para este ano, contudo, indicam para uma melhora nos investimentos — de 4,8%, para cerca de R$ 1,75 bilhão —, mas ainda longe do patamar de 2015. Na ponta da produção, a expectativa é de que haja um aumento da ordem de 1% no vestuário e o mesmo nos têxteis, o que deve auxiliar na ampliação das vendas de peças de vestuário, que devem crescer 2%.

 


TEMOR DE 'EFEITO TRUMP'
De acordo com a Abit, o recuo na produção do setor em 2016 também se deveu à retração nos volumes exportados, que diminuíram 3,7%, totalizando 199 mil toneladas de produtos têxteis e de vestuário. Para este ano, a expectativa para as vendas externas também é mais favorável: de alta de 5% nos volumes, para 209 mil toneladas.


O encolhimento da demanda interna também afetou as importações, que apresentaram queda de 2,3% em volume, chegando a 1,1 milhão de toneladas. Situação que também deve ser revertida este ano, com uma expansão da ordem de 10%, com 1,2 milhão de toneladas.A postura mais dura do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas relações comerciais entre EUA e China, na avaliação de Pimentel, é motivo de preocupação para a indústria brasileira.

 

— Se Trump trancar a China, sobretaxar produtos, nos prejudica muito. Qualquer 10% de produto chinês que os americanos deixarem de comprar, e que venha para o mundo, tem um impacto grande — disse. Um dos maiores empregadores de mão de obra do país, o setor registrou o corte líquido de 25 mil postos de trabalho em 2016, e encerrou o ano com 1,475 milhão de empregados. A perspectiva é gerar 10 mil novas vagas este ano, a 1,485 milhão postos ocupados.


— Os sinais desse início de ano são positivos, mas não são conclusivos. Devemos iniciar uma melhoria, que ainda não vai tapar o imenso buraco criado nos últimos dois anos de recessão — ponderou o presidente da Abit.


Fonte: O Globo

 

 

 


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