Dia das Crianças rende fôlego à Estrela

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Apesar das expectativas positivas, deve haver queda no valor do tíquete médio de compra

 
O desempenho negativo do comércio varejista no Dia das Crianças de 2015 não deve se repetir este ano. Essa, pelo menos, é a avaliação da Manufatura de Brinquedos Estrela S/A, maior fabricante de brinquedos do Brasil, com uma das três plantas em Três Pontas (Sul de Minas). A companhia, que está apostando na alta do dólar como fator determinante para o aumento do consumo dos produtos nacionais e vai lançar, pelo menos, 100 brinquedos para o período, prevê faturar até 8% mais com as vendas para o próximo 12 de outubro em relação a igual período do ano passado.
 
Para o presidente do grupo, Carlos Tilkian, as projeções têm relação direta com a nova linha de atuação da empresa, que vem acompanhando as tendências de consumo e do mercado. “Procuramos oferecer produtos de qualidade para as diversas faixas de poder aquisitivo da população, pois temos consciência de que muitas crianças não têm condições de adquirir determinados produtos, mais sofisticados. Além disso, procuramos inovar sempre, de olho na tendência cada vez mais eletrônica”, detalha.
 
Política cambial - No relatório de referência 2016, Tilkian afirma que o mercado brasileiro de brinquedos continua dominado pelos produtos importados. O principal fator desta competitividade é o fator cambial que deixa os produtos chineses com preços mais baixos.
 
Neste último ano, com a desvalorização do real frente ao dólar americano, os produtos produzidos no Brasil ganharam competitividade. No primeiro trimestre de 2016, estima-se que as importações de brinquedo da China caíram 25% quando comparado ao igual período de 2015. Este fato demonstra o alto grau de dependência que a produção nacional tem em relação à variação cambial. “Estimamos que o dólar ao redor de R$ 3,60 dá um bom nível de competitividade aos produtos produzidos no Brasil”, explica.
 
“A Estrela procura minimizar o efeito cambial trabalhando com flexibilidade através de suas três fábricas no Brasil e seus fornecedores na China. Em função do nível cambial no início de cada ano, a companhia decide pelo percentual de produção local ou de importação, sempre com o objetivo de oferecer uma coleção com os preços mais baixos ao consumidor.”
 
Comércio exterior - O governo brasileiro estabeleceu uma alíquota de importação de 35% para o setor de brinquedos. Esta alíquota é referendada todos os anos pelos países membros do Mercosul. A mesma está mantida até o ano de 2021, ajudando com isso a competitividade da produção nacional. “Em resumo, será considerado um fator de risco se o governo diminuir a alíquota de importação de brinquedos fixada hoje em 35%. Esta decisão será definida em meados de 2020 quando o Mercosul definirá se tal alíquota permanecerá por mais alguns anos.”
 
Lançamentos - Dentre os brinquedos que chegarão às prateleiras especialmente para a data estão o Banco Imobiliário e o Jogo da Vida, associados a um aplicativo para celular. A empresa também irá comercializar um jogo licenciado do programa de TV Masterchef, voltado para o público infantil. Segundo Tilkian, o Dia das Crianças é a data mais importante para a indústria de brinquedos. “É o momento mais importante porque o varejo costuma comprar com mais agressividade, sabendo que pouco tempo depois virá o Natal que, por sua vez, é mais interessante em termos de volume de compras”, detalha o empresário.
 
No ano passado, porém, o comércio varejista registrou o pior resultado em seis anos nas vendas relativas ao Dia das Crianças, conforme dados divulgados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com as entidades, as consultas para vendas a prazo caíram 9% na semana do feriado, em relação a igual período do ano anterior. Em 2014, o volume de vendas já havia registrado queda de 1,5% mas, em anos anteriores, os resultados haviam sido positivos, com crescimento de 3%, 5%, 6% e 8,5%, em 2013, 2012, 2011 e 2010, respectivamente.
 
Ainda segundo o levantamento, as consultas para vendas a prazo repetiram o comportamento das demais datas comemorativas de 2015, quando houve queda nos resultados apurados no Dia dos Namorados (-7,8%), Páscoa (-5%), Dia das Mães (-0,6%) e Dia dos Pais (-11%).
 
Apesar das expectativas positivas, o presidente da Estrela reconhece que deve haver queda no valor do tíquete médio de compra, que deve girar entre R$ 50 e R$ 80.
 
O primeiro semestre de 2016 foi positivo para os fabricantes de brinquedos sediados no Brasil. Segundo a associação brasileira que representa o segmento (Abrinq), houve crescimento de 2,5% sobre igual período do ano anterior. A meta, conforme a entidade, é ganhar mais 5% do market share dos brinquedos importados da China, que perdem competitividade diante da alta do dólar. Os segmentos que mais cresceram, conforme os resultados divulgados em julho, foram os de brinquedos esportivos (9,8%), reprodução do mundo real (9,5%), pelúcia e eletrônicos (4,7% cada um) e blocos de construção (4,1%).
 
Minas - Uma das mais importantes unidades fabris da Estrela, a unidade de Três Pontas, no Sul de Minas, está a todo vapor. Voltada, principalmente, para a produção de bonecas, a planta, de agora até o fim do ano, passa a operar em plena capacidade, em função da sazonalidade. Segundo o presidente, a fábrica normalmente trabalha com capacidade ociosa no primeiro trimestre do ano mas, a partir do segundo semestre, aumenta a produção, visando ao Dia das Crianças e Natal”, detalha. Cerca de 400 colaboradores atuam na unidade mineira.
 
Fonte: Jornal Diário do Comércio de Minas


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