Indústrias planejam reajustar em até 13% preços de brinquedos em 2016

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As fabricantes nacionais de brinquedos planejam reajustar os preços entre 8% e 13% neste ano e também projetam um crescimento das vendas, embalada pela substituição dos importados.

Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), a alta nos preços dos produtos este ano deve representar 40% da inflação oficial acumulada.

"Na comparação com o índice geral, esperamos brinquedos até mais baratos, porque a indústria está conseguindo ampliar ganhos com economia de escala a partir da internalização de parte da produção que antes era importada", disse ao DCI presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa.

Ele estima alta de 15% no faturamento do setor em 2016. As importações devem registrar queda de 17% este ano, favorecendo a indústria nacional. No último ano, o mercado de brinquedos movimentou R$ 9,5 bilhões no País, alta de 15,6% ante 2014.

A Estrela, uma das principais empresas do setor, continua reduzindo o percentual de brinquedos importados em seu portfólio, como parte da estratégia de manter preços competitivos.

"Esperamos ter um preço bastante vantajoso este ano com essa redução das importações que começou no ano passado", comentou o diretor de marketing da Estrela, Aires Fernandes. A expectativa da fabricante é ampliar em 20% o volume comercializado este ano, em comparação com 2015. O aumento do faturamento deve ficar em linha com esse percentual.

Fernandes contou que os reajustes planejados pela empresa para o ano devem ficar entre 8% e 13% para os brinquedos fabricados no Brasil. Já os importados terão alta de 25%, em média, para compensar o impacto da desvalorização do real no último ano.

Segundo ele, a empresa optou por segurar parte dos repasses nos produtos trazidos de fora do País para garantir vantagem frente aos importadores. "Esperamos aumento de cerca de 40% no preço dos brinquedos importados pelas concorrentes", afirmou.

A produção local, entretanto, não garantiu que a Estrela escapasse de um impacto da variação cambial. De acordo com o executivo, o custo do termoplástico (insumo) subiu muito, por se tratar de uma matéria-prima cotada em dólar. O preço do papelão também está elevado. "Esse insumo está mais competitivo no mercado internacional, com a queda do real no ano passado. Isso tem levado fornecedoras locais a dar preferência à exportação", destacou ele.

Recuperação


A Xalingo também aposta no movimento de substituição dos importados para recuperar parte das vendas perdidas no ano passado. "Assim como 2015, o ano se projeta bastante difícil em termos de mercado de brinquedos. Por outro lado, a desvalorização cambial poderá ajudar os fabricantes locais, inibindo a importação", disse o gerente de vendas da empresa, Alexandre Marques.

Ele revelou que os volumes de vendas e o faturamento da Xalingo tiveram pequena retração no último ano. Para 2016, a empresa projeta aumento de aproximadamente 10% no volume e faturamento com vendas, o que corresponde a um pequeno ganho ante 2014. Já o reajuste de preços deve ficar abaixo da inflação acumulada. Vale mencionar que Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação brasileira, acumula alta de 10,36% nos últimos 12 meses, encerrados em fevereiro.

Para elevar as vendas este ano, Marques destacou os produtos da linha praia com licença de personagens e os jogos com recursos tecnológicos.

"Estamos ampliando a nossa linha de jogos com realidade ampliada, seguindo a tendência atual da união do jogo real com o mundo virtual", contou o executivo.

A Estrela também está investindo nos jogos tecnológicos, além de esperar um aumento nas vendas de brinquedos com marcas licenciadas. O diretor de marketing da empresa, Aires Fernandes, disse que o jogo de tabuleiro mais vendido pela Estrela em 2015 incluía um aplicativo para o celular.

"Durante o jogo de investigação de crimes Detetive, os jogadores recebiam ligações no celular por meio do aplicativo, com pistas", detalhou. Os jogos de tabuleiro com os recursos adicionais têm preço em média 30% maior se comparados aos similares tradicionais no portfólio e são a aposta da Estrela para o Dia da Criança e o Natal.

Economia

Já para a demanda por brinquedos fora dessas datas, a Estrela espera continuar incrementando as encomendas com a venda de produtos de menor valor. A linha de massa de modelar da fabricante registrou alta superior a 44% nas vendas no ano passado.

"O produto de menor valor é o presente do dia a dia, porque os pais não deixam de presentear os filhos, mesmo com a maior pressão sobre a renda", observou Fernandes.

Para Synésio Batista, da Abrinq, o perfil de oferta de brinquedos pela indústria brasileira não deve mudar drasticamente em função da deterioração da economia no País. "Não identificamos uma migração para produtos de menor valor, porque os pais continuam presenteando os filhos nas datas importantes, principalmente para compensar cortes em viagens e gastos maiores no orçamento da família."

 



Veículo: Jornal DCI


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