Novo hábito dos brasileiros ainda não surte efeito na produção de bicicletas

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Uso do modal como alternativa mais barata e sustentável ao transporte nas cidades não tem sido suficiente para impulsionar produção. Queda na renda e crédito disponíveis travam o consumo.

O aumento do uso da bicicleta como alternativa para o transporte urbano ainda não foi suficiente para impulsionar a produção do setor. Embora seja uma das apostas da indústria para os próximos anos, as vendas do modal continuam em queda.

De acordo com estimativa, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), tanto a produção quanto a venda de bicicletas no País registraram queda de 10% no último ano.

A produção nacional somou 3,6 milhões de bicicletas no ano passado e as vendas totalizaram 3,3 milhões de unidades no mesmo período.

Para o diretor vice-presidente da Abraciclo, Eduardo Musa, apesar da retração registrada em 2015, a demanda por bicicletas como meio de transporte pode ajudar a minimizar os impactos negativos da desaceleração econômica no setor em 2016.

"A queda de 10% nas vendas do setor no ano passado é uma das menores entre os setores da indústria, muito em função dos incentivos ao uso de bicicleta, como a facilidade e o custo menor de manutenção em relação a um carro", afirmou ele.

Hoje, muitos brasileiros experimentam migrar de transporte a partir do uso de bicicletas alugadas ou antigas, que mantinham em casa apenas para lazer.

"A tendência é que o consumidor passe a investir mais e procurar bicicletas mais equipadas para uso diário como transporte", citou Musa. Ele disse ser difícil fazer projeções para a expansão do mercado com a situação da economia do País ainda incerta. Mas a infraestrutura adequada para o uso do modal pode ajudar a sustentar o crescimento do setor nos próximos anos.

"Realizamos alguns estudos e vimos que é muito mais fácil uma pessoa mudar para a bicicleta se tiver ciclofaixa ou ciclovia na frente da própria casa, porque isso reduz o risco de acidente", destacou ele.

Segundo estudo da ONG Transporte Ativo, o aumento da infraestrutura é o principal fator que faria os atuais ciclistas usarem mais esse meio de transporte. A pesquisa foi feita com mais de 5.012 pessoas em dez cidades brasileiras.

A continuidade do incentivo público ao uso do modal, que inclui investimentos em infraestrutura também no longo prazo, preocupa o setor. "O risco de mudança [nas políticas públicas] existe, mas como associação queremos mostrar que os aportes feitos em ciclovias e ciclofaixas têm trazido benefícios para as cidades e os cidadãos", citou Musa.

Segundo o gerente comercial da marca mineira Sense Bike, Fred Pessoa, embora os projetos públicos que envolvem bicicletas venham se tornando cada vez mais ações de longo prazo, a incerteza quanto ao futuro dessas políticas públicas permanece.

"Temos visto cada vez mais propostas que vão além do interesse eleitoral, mas mercado de bike ainda é muito dependente de apoio e infraestrutura para crescer", afirmou.

A força do lobby da indústria automobilística e de duas rodas no País também está no radar das fabricantes de bicicletas. O executivo da Sense reconheceu que as montadoras de carros e motos representam parte importante da arrecadação do governo.

Para garantir políticas de incentivo ao setor, as empresas do segmento estão adotando novas estratégias para aumentar a visibilidade. No final de 2015, a Abraciclo anunciou a entrada de mais três empresas de bicicletas na entidade e planos de desenvolver uma agenda específica para o segmento.

Já a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) pede a desoneração tributária junto ao governo federal pela. No entanto, a medida não tem apoio de todo o setor.

Competitividade

"O único item, entre as medidas que defendemos, no qual não há consenso é essa desoneração tributária. Porque empresas que estão localizadas na Zona Franca de Manaus se beneficiam de uma isenção tributária não aplicada às empresas das demais regiões do País, logo, não apoiam iniciativas desta natureza", explicou a Aliança Bikes, por meio de nota enviada ao DCI.

Eduardo Musa, dirigente da Abraciclo e presidente da Caloi, defendeu a operação na Zona Franca como o caminho para manter a competitividade. De acordo com ele, a estrutura e os incentivos fiscais oferecidos na região atualmente tornam difícil a sobrevivência das empresas fora do polo.

"Hoje, se você não está em Manaus, você não tem competitividade, porque não tem como ter uma operação competitiva sem os incentivos oferecidos lá", destacou também Fred Pessoa, da Sense Bike. A empresa, com escritório em Belo Horizonte (MG), investiu R$ 35 milhões em uma fábrica no polo amazonense.

 



Veículo: Jornal DCI


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