Brinquedo importado perde espaço no Dia da Criança

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São Paulo - A valorização do dólar nos últimos meses já se reflete na redução da participação dos importados na indústria de brinquedos. Com isso, as fabricantes com menor exposição à moeda estrangeira esperam um ganho adicional de competitividade no Dia da Criança.

A Estrela, uma das maiores fabricantes do setor no País, vem reduzindo a compra de importados desde o início deste ano. Em 2014, 35% do faturamento da empresa veio de itens importados. Com a redução este ano, a participação dos produtos trazidos de outros países nos ganhos deve cair para 20%.

"Se continuar assim, essa participação não deve passar de 15% do faturamento no próximo ano", afirma o presidente da empresa, Carlos Tilkian. Segundo ele, a mudança de estratégia tem feito a Estrela ganhar competitividade frente aos principais concorrentes.

Mas o executivo pondera que parte desse ganho tem sido anulado pela alta nos custos de produção. "A indústria não ganha competitividade imediata com a disparada do dólar. A despesa com energia, um componente forte nos nossos custos, subiu muito este ano e temos sentido a pressão dos fornecedores de plástico por um aumento no custo da matéria-prima", conta Tilkian.

O dólar, que também impacta os custos da empresa, não deve pesar tanto sobre a produção da Estrela este ano porque cerca de 90% dos itens importados que serão comercializados neste ano foram comprados e estão pagos pela fabricante. No próximo ano, porém, o presidente da Estrela estima alta de aproximadamente 12% nos custos, com impacto da valorização do dólar e alta do preço do plástico.

Projeção

Para o Dia da Criança, a Estrela espera manter as vendas em valor em linha com o ano passado. Tilkian ressalta que, para a empresa, o resultado é positivo, já que em 2014 a empresa avançou 50% em valor.

A gaúcha Xalingo também espera se beneficiar com a alta dos preços dos importados. Com produção nacional, a empresa importa poucos componentes para fabricação de brinquedos."Como desenvolvemos e produzimos localmente, temos um ponto a favor com a crescente do dólar. Além disso, nos preparamos para um ano mais difícil com investimentos em lançamentos", destaca a gerente de marketing da Xalingo, Tamára Campos.

Ela projeta alta de 10% no volume de vendas nesse Dia da Criança contra o mesmo período de 2014. As encomendas confirmadas pela empresa até a semana passada, entretanto, ainda estavam abaixo dessa projeção. "Ainda não está em 10%, mas já supera 2014."

Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), as vendas na data devem movimentar R$ 3,7 bilhões, ajudadas pelo câmbio. "No ano passado, a indústria nacional recuperou cinco pontos percentuais de participação no mercado, que no início do ano já era de 55% contra 45% de importados", declarou o presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa, em nota enviada à imprensa.

Além do ganho de competitividade com a desvalorização do real, a estratégia da indústria para o Dia da Criança inclui oferecer um portfólio amplo de preços. Os lançamentos e produtos com marcas licenciadas também aparecem como apostas das fabricantes."Sempre trabalhamos com brinquedos desde o primeiro preço até os mais elaborados, então não percebemos uma mudança no nosso mix de oferta, mas vemos o varejo procurando mais produtos para diferentes perfis de demanda", revela Tilkian, da Estrela.

De acordo com o analista de pesquisa da consultoria Euromonitor International, Leonardo Freitas, quando a renda e o nível de confiança da população estavam maiores, existia a compra fora de época, mas a tendência agora é que a demanda por brinquedos se concentre em datas especiais e em produtos de menor valor. "O brasileiro tem forte perfil de indulgência, de presentear muito os filhos. Então continua comprando mesmo com um cenário mais difícil", destaca ele.

O executivo Carlos Tilkian lembra ainda que, por anteceder o Natal - outra data importante para o setor - o Dia da Criança acaba beneficiado, já que os varejistas sabem que terão uma segunda oportunidade para vender os brinquedos.A mesma avaliação é feita por Tamára, da Xalingo. "O que [o varejo] não vende no Dia da Criança desova no Natal. Por isso, os pedidos costumam ser bons nessa época", diz ela.

Embora ajude na hora das fabricantes negociarem as encomendas para o Dia da Criança, os varejistas não estão interessados em manter estoques acima do necessário e este ano estão postergando mais os pedidos para a indústria."Ainda não fechamos todas as encomendas, mas observamos que desde o final de julho uma demora dos nossos principais clientes para concluir pedidos", revela o presidente da Estrela.

As encomendas na Xalingo, antes feitas entre o final de agosto e início de setembro, agora devem terminar na segunda quinzena de setembro. "Vemos que o varejo segurou compras, aguardando o cenário econômico melhorar", cita Tamára.

 



Veículo: Jornal DCI


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