Indústria calçadista investe na demanda das mulheres jovens

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São Paulo - A demanda potencial por calçados para mulheres na faixa dos 18 aos 25 anos está na mira das empresas do setor. As fabricantes de produtos de maior valor agregado já investem em coleções e marcas para esse nicho como estratégia para incrementar as vendas.

Segundo o sócio diretor da consultoria Iemi Inteligência de Mercado Marcelo Prado, o desenvolvimento de produtos para atender a demanda de públicos cada vez mais específicos é uma tendência no setor."Cada vez mais as empresas têm que desenvolver marcas que tenham apelo junto ao seu público consumidor, ainda mais segmentado", conta ele.

A demanda da parcela mais jovem da população, destacou o consultor, se diferencia pelo maior acesso a informação e pelo hábito de executar diferentes atividades simultaneamente, quando comparados a outras faixas etárias."Esses fatores influenciam o mix de produtos para esse público, com fabricantes produzindo não um modelo de sapato que atende a demanda em todas as situações do cotidiano do consumidor, mas que serve para mais de uma ocasião de uso."

Prado explicou que essas características fazem a demanda por novidades nesse nicho de mercado ser maior. "A procura por novidade é mais acentuada nesse público mais jovem, que está em uma fase de transição e, geralmente, tem um mix menor de produtos no armário", avalia.

Oportunidade

A fabricante de calçados Paquetá concentra na marca Lilly's Closet produtos para mulheres de 18 a 23 anos. "Cada marca de calçados femininos da Paquetá tem um foco específico", afirma o gerente de comércio internacional da Paquetá, Jadir Bergonsi. A empresa tem outras duas marcas - Capodarte e Dumond - para mulheres com mais acima dos 24 anos."Na Lilly's, a proposta é atender a demanda de jovens que querem um produto sem salto para usar o dia todo. Mas há também a procura por calçado para a noite com saltos altos", acrescentou o executivo.

Ele observa que uma estratégia importante para atuar no segmento é a entrega constante de novidades ao varejo. "Essa consumidora gosta de fast fashion e é muito ligada à moda. Então o produto novo também ajuda a estimular as vendas em um momento que a demanda está mais retraída", observa ele.

Bergonsi lembra que, neste ano, a empresa tem adotado um portfólio com precificação mais ampla, outra estratégia para garantir as vendas no segmento.

"As pessoas com diferentes perfis de poder aquisitivo querem comprar algo melhor do que podem pagar. Essa é uma característica do mercado de consumo. Então, ofertar o produto mais caro não necessariamente desestimula a venda, porque ajuda até a melhorar a percepção do consumidor sobre o preço do produto básico, mais barato", destaca Prado.

O consultor cita ainda que, nos últimos três anos, o consumo no segmento tem crescido de forma mais acentuada na população com maior poder aquisitivo. "Não que esse movimento de oferta de calçado para as jovens não chegue ao mercado popular, mas em termos de demanda, tem avançado mais nos grupos das classes A e B", diz.

A Arezzo, voltada ao público com maior poder de compra, tem acompanhado a demanda do público jovem. "Estamos fazendo um mapeamento e pesquisa e algum aprendizado que gente vê, um deles é um segmento mais jovem. Eu não vou falar teenager porque não é bem o caso, mas um look mais descolado, mais street wear onde você tem um visual mais despojado. A gente vê um aumento muito grande das mulheres usando esse tipo de produto para o dia a dia, inclusive faz parte do mix de todas as nossas marcas, mas talvez alguma marca com essa cara mais direcionada pode ser um nicho de mercado interessante", comentou o diretor presidente da Arezzo, Alexandre Birman, em teleconferência com analistas no início do mês.

De acordo com o diretor de expansão e gestão da Arezzo&Co., Marco Vidal, as quatro marcas da companhia - Arezzo, Anacapri, Schutz e Alexandre Birman - têm diferentes posicionamentos, mas todas atendem a mulheres a partir dos 18 anos. O que muda, diz o executivo, é o estilo das clientes. "Anacapri, por exemplo, traz estilo leve e descomplicado que a maioria das mulheres nessa idade apresenta", afirma ele.

Pequenas e médias

Para Marcelo Prado, do Iemi, embora a diversificação em nichos possa estimular o crescimento das empresas do setor, fabricantes de menor porte podem enfrentar mais dificuldades para adotar essa estratégia."Atuar em nichos de mercado não é para qualquer empresa, porque dilui muito a escala e as pequenas e médias fabricantes não conseguem competir nesse aspecto", destaca o consultor.

 



Veículo: Jornal DCI


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