Demanda por papelão ondulado deve recuar até 3% em 2015, estima ABPO

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Associação espera queda de 4% nas vendas no segundo semestre ante o mesmo período de 2014, pressionadas pela desaceleração da indústria e pela deterioração da confiança dos empresários

As vendas de embalagens cartonadas devem recuar entre 2,5% e 3% em 2015, estima a Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO). Segundo a entidade, a retração do mercado interno deve continuar pesando sobre a indústria no segundo semestre.

Após cair mais de 2,5% entre janeiro e junho em relação ao mesmo período do ano passado, o setor deve registrar uma queda de 4% nos seis meses seguintes, acredita o vice-presidente da ABPO, Sergio Ribas. Apesar de historicamente apresentar resultados melhores no segundo semestre, a desaceleração da indústria no País e a deterioração das expectativas quanto à economia vão pesar sobre o segmento, o que explica a retração ainda mais expressiva, diz o executivo.

"Além disso, o primeiro semestre do ano passado já havia sido impactado pelo efeito da Copa, o que fez a queda dos primeiros meses deste ano parecer menor comparativamente", conta Ribas.

"Já a segunda metade de 2014 teve bons resultados, com expedições acima de 290 mil toneladas por mês, o que aprofunda a queda neste ano." Para 2015, ele espera vendas mensais de cerca de 280 mil toneladas.

O segmento de embalagens para alimentos e bebidas, que representa mais de 50% da produção do setor, foi o que apresentou melhor desempenho, devido à resistência natural dos produtos alimentícios às flutuações do ambiente econômico, afirma o vice-presidente da associação. As vendas de papelão para o setor automotivo e para embalar eletrodomésticos da linha branca (geladeira, fogão e lavadoras), por outro lado, registraram as maiores quedas.

Dentro da segmentação das empresas do setor, os grupos mais verticais, que possuem unidades de produção de papel, de ondulação e de fabricação de embalagens, são os que conseguem lidar melhor com os desafios do cenário atual, diz Ribas. Já as chamadas companhias de cartonagem, que compram o papel já ondulado para criar as caixas, sofrem mais porque não conseguem mitigar os gastos crescentes com a energia elétrica, a folha de pagamentos e os insumos.

Ribas lamenta não ver nenhum indício de melhora nas expedições de papelão ondulado, que acabam servindo também como uma espécie de termômetro para a saúde da indústria nacional. "Por enquanto, não vemos nenhuma projeção de melhora em relação ao ano passado. Nada que demonstre recuperação", diz ele. "Pelo contrário, estamos com uma estimativa de vendas piores no segundo semestre."

Entre abril e junho, a produção industrial brasileira recuou 6,7% frente um ano antes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por enquanto, de acordo com Ribas, a valorização do dólar, é o único motor positivo que tem ajudado a indústria de embalagens. A força da moeda norte-americana frente ao real favorece as exportações de clientes que usam caixas de papelão para transportar seus produtos, ao mesmo tempo em que inibe as importações de itens embalados em outros países. "Mas são tantos os fatores que pesam no mercado interno que esse incentivo acaba se perdendo", diz o executivo.

Exportação

Para driblar o desaquecimento do mercado interno, a Klabin passou a exportar mais a sua produção de Kraftliner, principal tipo de papel utilizado na fabricação de papelão ondulado. "Neste contexto de desaquecimento nos mercados nacionais e melhores condições no mercado externo, o aumento no volume de vendas da Klabin foi basicamente direcionado a mercados de fora do Brasil", confirmou a empresa em sua apresentação de resultados do segundo trimestre.

Entre abril e junho, as exportações da empresa cresceram 12% na comparação com o mesmo período de 2014, enquanto o volume de vendas no mercado interno permaneceu estável. Os embarques passaram a representar 32% do total de vendas, ante 29% no segundo trimestre do ano passado.

Cartonagem

Para o segmento de conversão dos insumos em papelão ondulado, entretanto, não houve trégua. As vendas da unidade de negócios caíram 3% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2014, devido à piora do mercado doméstico. "Neste contexto, a Klabin seguiu a queda de mercado, mitigada pela opção de enviar maiores volumes de papéis ao mercado externo", afirmou o diretor de relações com investidores da empresa, Antonio Sergio Alfano.

Na Suzano, o movimento foi semelhante. As vendas de papel da companhia caíram 6,6% no primeiro semestre do ano na comparação com o mesmo período de 2014.

Dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) indicam que as vendas domésticas de papelcartão (papelão) registraram uma queda de 5,3% no segundo trimestre ante os mesmos meses do ano passado.



Veículo: Jornal DCI


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