Livros para colorir rendem fôlego às editoras no País

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                                 Venda de lápis de cor, na carona, superou as expectativas dos comerciantes



Vista, até há pouco tempo, como uma atividade para crianças ou artistas plásticos, a arte de colorir virou febre entre os adultos no Brasil e está movimentando o mercado de editoras e material escolar. Convencidas de que 2015 seria um ano fraco, as empresas desses segmentos estão vivendo um "resultado inesperado": aumento das vendas puxado pelos livros para colorir e lápis de cor.

Uma das primeiras a lançar livros para colorir no Brasil, a Editora Sextante já superou a marca de 1,3 milhão de exemplares vendidos nesse segmento. Lançado em novembro do ano passado, o primeiro título - "O Jardim Secreto" - teve tiragem inicial de 15 mil livros, o que é considerado um número alto no Brasil. Mas a demanda foi muito superior e, desde então, já foram vendidas cerca de 800 mil exemplares. A segunda obra lançada pela Sextante - "Floresta Encantada" - também é sucesso: até agora foram 500 mil livros impressos.

"Esses números representam um fenômeno absoluto. Vender 500 mil livros em menos de seis meses é muito expressivo e praticamente inédito", destaca a gerente de Aquisições da Sextante, Nana Vaz de Castro. Segundo ela, a editora também acabou de lançar um terceiro título chamado "Reino Animal" e deve colocar no mercado, até o fim do ano, pelo menos mais seis obras.

A gerente explica que os novos livros trazem temas diferentes dos três primeiros. Um deles será dedicado a desenhos de gatos e outros três abordarão as cidades de Nova York, Paris e Japão. A editora também está trazendo uma obra coreana, que traz uma história com poucas palavras. "As editoras estrangeiras estão com muita oferta, então procuramos os que têm maior qualidade artística e que cumprem melhor o objetivo de estimular a concentração", diz.

As vendas, segundo a gerente, tiveram um pico em maio por causa do Dia das Mães, mas ela não sabe precisar qual será o crescimento até o fim do ano, pois trata-se de um fenômeno. Para a gerente, a grande adesão aos livros de colorir tem a ver com o ritmo acelerado da vida das pessoas, que cada vez mais sentem necessidade de parar e se concentrar em algo específico.

"É como um antídoto contra a velocidade e contra a mania de fazer muita coisa ao mesmo tempo. As pessoas estão esgotadas, mentalmente, pois se conectam o tempo todo e têm muitas frentes abertas ao mesmo tempo", avalia.

Boom - Com sete títulos de livros para colorir lançados em apenas três meses, a editora Alaúde viu seu departamento de edição e impressão crescer cinco vezes por causa do novo hobby dos brasileiros. A editora-executiva da empresa, Ibraíma Dafonte Tavares, explica que conheceu o gênero em outubro do ano passado, durante feira do setor em Frankfurt. Ela afirma que achou a proposta interessante e convergente com outras obras com o perfil antiestresse que já existiam na Alaúde.

"Eu percebi que era um bom produto, mas não imaginava que era um fenômeno. Lançamos o primeiro livro em março e depois trouxemos mais obras e, até maio, já foram mais de 400 mil exemplares impressos", comemora. Ela afirma que não sabe precisar quantos serão vendidos até o fim do ano, mas acredita em grande crescimento, já que as livrarias já estão solicitando mais produtos.

As obras vendidas pela editora custam cerca R$ 30 e trazem desenhos de natureza, animais, cidades e símbolos culturais. Para Ibraíma Tavares, a grande procura pelo gênero se deve ao efeito terapêutico da atividade de colorir. "As pessoas vivem estressadas e com a cabeça sempre no passado ou no futuro. Os livros para colorir trazem a possibilidade de conexão com o presente", diz.


Valor agregado - O sucesso das vendas de livros para colorir também foi experimentado pela editora e distribuidora Queen Books, que chegou ao mercado um pouco depois, mas trouxe novidade com livros de maior valor agregado. De acordo com o proprietário, Antônio Medeiros, o primeiro livro - "Arte como Terapia" - foi lançado em abril e já teve 25 mil exemplares impressos. A editora também está trabalhando em um segundo título - "Terapia das Cores" - e a expectativa é de que até o fim do ano sejam vendidos cerca de 50 mil obras.

"É um boom do mercado: esses números são de best sellers", frisa. O proprietário afirma que investiu cerca de R$ 250 mil para trazer os dois livros ao País. De acordo com ele, as obras se destacam por sua qualidade, que é superior à maioria dos produtos vendidos no mercado. "Nossos livros são totalmente diferentes: têm capa dura e papel gramatura 100, o que significa que você pode pintar de um lado e a tinta não vai manchar atrás", garante.

Outro diferencial é que as obras da Queen Books têm parte dos desenhos com cores, servindo de orientação para quem está colorindo. Os livros trazem desenhos de natureza, animais e outros símbolos, que chamam a atenção por sua beleza. "Ouvimos falar que alguns tatuadores estão usando nossos livros como inspiração por causa da beleza dos desenhos", diz. Por causa dos diferenciais, os livros da Queen custam mais caro que a maioria: R$ 50.



Veículo: Diário do Comércio - MG



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