No Sul, receita da Brinox dobra em três anos

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Adquirida em 2011 pela gestora de fundos argentina Southern Cross, a fabricante de utilidades domésticas, como panelas e talheres, Brinox, de Caxias do Sul (RS), acelera o passo para se firmar entre as maiores do setor no país. Depois de investir R$ 100 milhões e duplicar o faturamento nos últimos três anos, a empresa pretende dobrar novamente de tamanho nos próximos três com novas expansões de capacidade, substituição de itens importados por produção local, reforço no marketing e aumento das exportações.

"Como não somos os líderes, precisamos de qualidade igual ou superior [à dos os concorrentes], processos mais eficientes e preços competitivos", diz o diretor presidente Christian Hartenstein, um argentino neto de brasileiros e bisneto de italianos.

Segundo ele, a Brinox fechará este ano com receita bruta de R$ 290 milhões, 8% acima do ano passado, mas para 2015 a meta é crescer pelo menos 25% graças à maturação dos investimentos. Em 2011 o faturamento havia sido de R$ 150 milhões.

O projeto mais recente é a fábrica de panelas de alumínio com revestimento antiaderente, inaugurada neste mês com investimentos de R$ 30 milhões em recursos próprios.

A unidade industrial tem capacidade para produzir 500 mil unidades mensais, mas em no próximo ano este volume já deve ser duplicado, adianta Hartenstein. Segundo ele, o segmento é o que mais cresce no setor de utilidades domésticas e será o grande motor de aumento das vendas no ano que vem.

"O consumidor evolui e está disposto a pagar um pouco mais por produtos de mais qualidade", diz o executivo.

Antes de construir a fábrica, a Brinox chegou a prospectar a aquisição de uma fabricante brasileira, mas não encontrou ativos com o perfil desejado.

Até agora as panelas da empresa vinham da China, mas com a nova fábrica a importação vai cair gradualmente até chegar a no máximo 15% da linha em dois anos, com foco em produtos de menor volume de vendas ou para "testar" tecnologias.

Embora os custos de produção possam ser mais baixos na China, a nacionalização traz outras vantagens, em especial mais velocidade para reagir à concorrência, maior controle de qualidade e agilidade na entrega aos clientes, entende Hartenstein.

De acordo com ele, entre os 4 mil itens vendidos pela empresa em 6 mil pontos de venda no país, 800 ainda vêm de fornecedores chineses, mas em 2017 a participação dos importados sobre a receita estimada em quase R$ 600 milhões deve cair pelo menos à metade ante a fatia de 40% em 2011.

Cerca de 45% do portfólio da Brinox leva a marca Coza, fabricante de utilidades plásticas de Caxias do Sul adquirida em 2012 por R$ 35 milhões com recursos da Southern Cross, dentro do programa de expansão iniciado em 2011.

O pacote incluiu ainda a expansão do centro de distribuição na matriz e a construção de outro em Recife (PE), a implantação da plataforma de gestão empresarial da alemã SAP e o "show room" que será aberto em novembro em Alphaville (SP).

Com 640 funcionários e um time de gestão com média de idade de 33 anos, a empresa também vem se empenhando em rejuvenescer a marca.

As iniciativas vão desde modernização do design dos produtos e das embalagens até a criação de um ambiente de trabalho mais descontraído, sem salas fechadas e com mais contato e troca de informações e ideias entre colegas de diferentes níveis hierárquicos nas áreas administrativas e industriais.

Na mesma linha, a Brinox começou neste mês a se comunicar diretamente com "milhões de consumidores" no país, acrescenta o presidente. Até agora a empresa focava as iniciativas de marketing nos revendedores, mas nos próximos dois meses e meio ela vai aplicar R$ 3 milhões em uma campanha publicitária na televisão aberta e nas redes sociais. "Este é apenas o primeiro passo de vários que vamos dar nesta linha para reforçar nossas marcas", afirma.

Já no ano que vem a companhia deve investir mais R$ 30 milhões, revela Hartenstein. Além da duplicação da linha de panelas, os planos para 2015 incluem a ampliação e renovação do portfólio da Coza e a expansão da produção de talheres. A fonte dos recursos para os novos projetos ainda está em estudo, mas pode ser desde geração própria de caixa, financiamentos ou novos aportes da controladora.

O aumento substancial das exportações, que no ano passado responderam por apenas 1,8% da receita bruta, é outro alvo da empresa. Segundo o presidente, a meta é elevar esta participação para 15% em 2017, a começar pelo crescimento das vendas nos 20 países da América Latina e da África onde os produtos da Brinox já podem ser encontrados. "Este é um processo de longo prazo", comenta o executivo.

Segundo ele, embora seja da natureza das gestoras de fundos de investimentos adquirir ativos para depois revendê-los, ainda não há prazos definidos para a saída da atual controladora do negócio nem da abertura de capital da Brinox. "Estamos focados na criação de um valor genuíno para a empresa", afirma.

A Southern Cross tem US$ 2 bilhões em ativos na Argentina, Chile, Colômbia e México, além do Brasil, onde controla ainda as fabricantes de implantes dentários SIN e de plataformas para trabalho em altura Solaris.

No ano passado, apesar da alta de 8% no faturamento bruto, o lucro líquido da fabricante caiu dos R$ 14,6 milhões de 2013 para R$ 3,9 milhões, sob impacto do aumento dos custos gerado pela implantação do SAP, diz o presidente. Os efeitos da transição de sistema se estenderam até o primeiro trimestre deste ano, mas no acumulado dos nove meses a geração de caixa e o lucro líquido já cresceram em torno de 30% na comparação com o mesmo período do ano passado, afirma Hartenstein.



Veículo: Valor Econômico


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