Comércio infantil: Sem choro nas vendas para as crianças

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Ao contrário das quedas registradas em outros segmentos do varejo e da indústria, negócios voltados para o dia 12 de outubro devem registrar altas expressivas e movimentar 3,5 bilhões



Apesar do baixo crescimento da economia, a indústria de brinquedos está confiante nas vendas que vão garantir a alegria dos pequenos brasileiros. A expectativa é de que o Dia das Crianças dê um drible no baixo astral e movimente R$ 3,5 bilhões, 16% a mais do que o registrado no ano passado. Na última década, a meninada também teve sua participação no crescimento generalizado do consumo do consumo do país. Há cinco anos, cada criança consumia, em média, três brinquedos ao ano, número que atualmente está em sete. Pais mineiros, que já estão pensando em um presente para o 12 de outubro, consideram que essa marca deve ser ultrapassada neste ano.

 O dia das crianças representa 38% das vendas anuais do setor de brinquedos. No estado, o faturamento relacionado com a data deve girar próximo a R$ 273 milhões. O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, diz que o Dia das Crianças está descolado da crise. “A família brasileira pode economizar no arroz e no pão de queijo, mas não deixa de comprar um brinquedo para o filho.”

Passeando pela loja de brinquedos com o pequeno Mateus, de 4 anos, o gerente de entretenimento Dida Rodrigues, de 36, diz que é difícil contar quantos itens o menino tem em casa, mas garante que ele está bem acima da média nacional, sendo proprietário até mesmo de tablets que ainda não consegue manipular . “Este ano, com certeza ele (Mateus) vai ganhar bem mais que sete brinquedos.” A Abrinq estima que o tíquete médio gasto pelos pais na data será de R$ 100. Dida, no entanto, calcula que seu gasto será bem maior com o filho único. “Pretendo dar para ele uma bicicleta que custa entre R$ 450 e R$ 500”, adianta.

 No varejo, as expectativas de vendas dos lojistas são otimistas. Eles apostam no poder do brinquedo, que sempre teve forte participação qualitativa na vida das crianças e agora avança também em quantidades, já que muitos chegam a ter em casa verdadeiras coleções com cômodos especiais para guardá-los. Em Minas, a projeção de alta nas vendas dos comerciantes não deve atingir a escala nacional da indústria, de 16%. Mas queda de vendas, como as registradas por alguns segmentos do comércio, nem por brincadeira entram nas projeções do setor. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) ainda está calculando suas expectativas e deve divulgá-las na próxima semana. Mas baixas são totalmente descartadas pelo varejo voltado para a meninada.

A Ri Happy, rede com mais de 100 lojas espalhadas pelo Brasil, por exemplo, calcula um aumento, de 10%, em média, nas vendas para o Dia das Crianças. A rede informou que está investindo em linhas de produtos exclusivos e em promoções, para aumentar o poder de vendas para o Dia das Crianças. Na outra ponta, a Boneco de Pau, há mais de 20 anos no mercado da capital mineira, vendendo principalmente brinquedos educativos e pedagógicos, espera aquecimento de pelo menos 30% frente a setembro e de 10% acima do registrado em outubro do ano passado.

NOVIDADES Há mais de 30 anos no mercado de brinquedos e 23 à frente da Brinkel, loja no Bairro Padre Eustáquio, Altair Rezende, acredita que esse ano o mercado vai girar no mesmo ritmo do ano passado. Segundo ele, o Dia das Crianças será movimentado por novos lançamentos, mas em sua opinião quem vai dar peso à alta expressiva de vendas no país são os estados do Norte e do Nordeste, onde o varejo vem deslanchando com mais força. Em Belo Horizonte, é esperado o crescimento do tíquete médio do presente para o Dia das Crianças para R$ 120. No ano passado, a média de valores girou próxima de R$ 80, no país.

A bibliotecária Rachel Oliveira pretendia presentear Helena, de 7 anos, com um item de até R$ 50. Depois de uma volta na loja de brinquedos percebeu que não seria possível gastar menos de R$ 90 com o carrinho de bonecas. “Existe todo um enxoval feito para os brinquedos”, explica a mãe. Segundo Rachel, ela cuida para que o consumo não se torne exagerado em sua família, mas mesmo assim diz que é difícil contar quantos brinquedos a menina tem em casa. “Evito comprar brinquedos com frequência, mas mesmo assim acho que Helena vai ganhar este ano mais do que os sete itens da média nacional”, afirma.

Apesar de considerar alto o preço praticado no mercado brasileiro, Dida Rodrigues considera difícil resistir ao pedido do filho, embora afirme que também se preocupa com o grande volume de brinquedos acumulado em casa. No ano passado, no Dia das Crianças, ele presenteou o filho com um dinossauro, que custou R$ 499. “O boneco está novo porque meu filho quase não brincou com ele. Perdeu o interesse rápido.” Ele acredita que a bicicleta prevista para este ano, que está na mesma faixa de preço do gasto de 2013, fará mais sucesso.

 

Para derrubar os importados


 
Os brinquedos importados ainda continuam fortes no mercado nacional. De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), a indústria brasileira deve fechar o ano com fatia de 55%, mas outros 45% são dominados pelos fabricantes estrangeiros. Segundo o presidente da entidade, Synésio Batista da Costa, a meta do setor é alcançar, ainda este ano, 60% do mercado.

A Abrinq estima crescimento de 12% em 2014, atingindo, no fim do ano, o faturamento de R$ 9,5 bilhões. O avanço, segundo a associação, é empurrado pela implantação de programas públicos, que incluem o brinquedo no processo educacional de 23 milhões de crianças brasileiras, além dos lançamentos e do câmbio em patamar mais elevado, o que garante maior competitividade ao mercado nacional.

Em grandes redes do varejo, a predominância do brinquedo importado é expressiva. Segundo Altair Rezende, proprietário da Brinkel, dois terços dos itens vendidos na loja de BH são importados. (MC)

 

Veículo: Estado de Minas


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