Fabricantes de LED disputam projeto bilionário em SP

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Atraídas por um projeto que poderá render uma receita bilionária, ao menos três grandes empresas de lâmpadas de LED afirmam que certamente vão investir em fábricas ou expansões no país caso sejam escolhidas como fornecedoras das lâmpadas. O que está em disputa é a Parceria Público-Privada (PPP) da Iluminação Pública de São Paulo, que prevê a troca de todas as 580 mil luminárias da capital paulista. GE, Phillips e Unicoba afirmam que o projeto da cidade, por si só, justifica os investimentos.

O que atrai as três empresas - e pelo menos outras 30 companhias que se cadastraram para a concorrência - é principalmente o valor estimado para o projeto, de R$ 2 bilhões a R$ 3,5 bilhões, segundo apurou o Valor.

No momento, as empresas aguardam com ansiedade o anúncio do estudo vencedor, que será usado como base para a PPP. Em 14 de março, a Prefeitura recebeu 11 trabalhos e em até 60 dias vai anunciar o projeto vencedor (que poderá ser a união de mais de um estudo) e falar sobre o edital.

GE, Phillips e Unicoba estão entre as companhias que apresentaram estudos e esperam, com isso, sair na frente na licitação. Além de abocanhar um projeto vultuoso, as empresas veem a vitória como uma vantagem para disputar concorrências futuras. "São Paulo tem um poder de influência e ditar tendências para os outros municípios", afirmou Eduardo Park, presidente da Unicoba.

Ele disse ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que a companhia deverá expandir suas operações no Brasil caso vença a PPP. Hoje, tem duas unidades para produção de luminárias no país, uma em Extrema (MG) e outra em Manaus (AM). Fundada nos anos 70 pelo imigrante coreano Young Moo Park, a companhia acredita ter a seu favor a iluminação a LED no projeto "23 de Maio/Washington Luiz" [duas importantes avenidas], em São Paulo. Segundo Park, a empresa também tem a vantagem de ter sido a primeira a ter seus produtos de iluminação pública de LED a serem homologados dentro do departamento de Iluminação do Município de São Paulo (Ilume).

"Será a maior PPP do mundo", disse o holandês Henk de Jong, presidente da Philips na América Latina, quando perguntado sobre o interesse da empresa na PPP. Como estratégia, a empresa fez uma parceria com a AES Serviços, especializada em serviços de iluminação pública na cidade, tanto para elaborar o estudo - de 1.200 páginas -, como para disputar a PPP. "A AES Serviços já conhece todas as necessidades de todas as regiões de São Paulo", afirmou.

Caso a dupla seja vencedora, a AES Serviços será responsável por operações em campo, manutenção do pontos, atendimento e outros serviços. E a Phillips será a fornecedora das luminárias, o que deverá exigir a expansão de suas operações no país, segundo Jong. "O projeto é tão grande que vamos avaliar como vamos fazer isso." Entre as opções estariam a ampliação de sua fábrica de lâmpadas em Varginha (MG) ou a instalação de outra unidade fabril no país. Além de um parceiro importante, Jong acrescenta que a Phillips tem a seu favor a sua experiência em iluminação pública com LED em Buenos Aires e em Washington (EUA) e, em São Paulo, iluminou a Av. Faria Lima e o Parque do Ibirapuera.

Ainda mais assertiva, a GE afirmou que "sem dúvida nenhuma" vai investir em uma nova fábrica no Brasil caso vença a PPP. "Já começamos fazer estudos internos, inclusive de localização, para colocar uma planta no país", disse Rodrigo Martins, presidente para a América Latina da GE Lighting, divisão de iluminação da GE. Para o tipo de lâmpada que poderá ser usado em São Paulo, a empresa tem fábricas no México e nos Estados Unidos. Além da promessa do investimento, Martins afirma que a GE tem como vantagem na disputa a experiência na iluminação de cidades como San Diego e Las Vegas. No Brasil, tem entre os projetos de seu portfólio a iluminação da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.

Já a Osram, subsidiária da Siemens, optou por não apresentar estudo próprio, mas pretende ser a fornecedora das luminárias. A empresa já possui uma unidade fabril em Osasco (SP), onde produz lâmpadas de LED para uso residencial e comercial. Eduardo Soares, gerente de vendas para Infraestrutura e Cidades, disse que a demanda brasileira fez com que a Osram desse início a um projeto para fabricar localmente também produtos para iluminação pública, atualmente importados da China.

Os executivos ressaltam que as fábricas do país não produzem 100% dos chamados "componentes" (ou soluções) de LED, que são importados principalmente da China. Quando citam novas fábricas de LED, referem-se à mistura de componentes para a composição dos produtos e à fabricação de outras partes das luminárias. "Mesmo com a PPP de São Paulo, o país não tem escala para a produção do componente", diz Park.

Eles afirmam ainda que apesar de o LED não ter sido uma exigência da Prefeitura, todos os estudos provavelmente incluem esse tipo de lâmpadas. Além de consumirem até 80% menos energia do que outros tipos, têm vida útil mais longa - pelo menos quatro vezes - e iluminam mais, o que contribui para a segurança ao município.



Veículo: Valor Econômico


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