Avanço do mercado de comida pronta congelada acirra disputa regional

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Dados da consultoria Euromonitor indicam que a venda de pratos prontos congelados vão crescer 85,4% entre 2013 e 2019. O avanço pode ampliar a briga com gigantes como BRF e JBS

 

 



As fabricantes regionais de alimentos têm investido em uma das principais apostas do setor para o ano: a categoria de pratos prontos e semiprontos para consumo. O movimento deve acirrar ainda mais a briga pelas vendas com as gigantes do setor, como BRF e JBS. Dados da consultoria Euromonitor indicam que a venda de pratos prontos congelados terá crescimento de 85,4% entre 2013 e 2019. "A evolução do emprego formal, a alta na participação feminina no mercado de trabalho e do número de pessoas que moram sozinhas têm alavancado esse consumo", avalia o diretor executivo do Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Supercongelados, Sorvete e Liofilizados (Sicongel), Mario Martins.

Ele conta que as fabricantes do setor estão investindo cada vez mais na diversificação do portfólio como estratégia para estimular as vendas e ganhar espaço ao mesmo tempo que a economia enfrenta retração. A Sadia, marca da BRF, deve ganhar reforço de investimento em publicidade neste ano. "No ano passado ficamos muito fora da mídia, porque não tínhamos concorrência tão forte, então fizemos aportes em outras áreas", revela a gerente de marketing da companhia, Amanda Hernandes.

A executiva da BRF observa que atualmente muitas empresas oferecem opções de massa, como lasanha e pizza, mas poucas diversificam as ofertas. Apesar disso, a concorrência tem avançado no segmento. "A Seara [do Grupo JBS] cresceu bastante no último ano, mas não vemos perda de participação considerável, porque não cresce em cima de Sadia e sim em marcas menores", diz.

Outro movimento observado pela BRF é a entrada de empresas de pequeno porte na categoria, com distribuição em apenas uma cadeia. A executiva destaca que a capilaridade da distribuição é um dos pontos fortes da marca Sadia.

A JBS Carnes, dona da Friboi, também aposta na rede de distribuição para garantir as vendas. Em entrevista recente ao DCI, a coordenadora de marketing da JBS Carnes, Juliana Demetri, disse que este ano os produtos da linha de carnes prontas para consumo, terão distribuição intensificada.

Regionais

A paranaense Stival Alimentos, tem observado a reação das grandes ao avanço das marcas regionais de pequeno e médio porte. "Algumas líderes do setor já começaram a perceber que estamos tirando fatias de mercado e têm reagido a isso", conta o presidente da empresa, Alexandre Stival. Este ano, a fabricante planeja lançar novos produtos na categoria de alimentos prontos e semiprontos, onde consegue margens maiores e vê mais oportunidades para expansão.

"Nossa aposta para 2015 é a oferta de porções individuais de arroz, com melhor apresentação das embalagens e maior valor agregado", revela Stival. Com os lançamentos, a fabricante espera registrar alta de 15% no volume de vendas este ano contra avanço de 2% no ano passado. Hoje, a distribuição dos produtos se concentra nas regiões Sul e Sudeste, mas a Stival planeja ganhar espaço no Centro-Oeste e Nordeste.

Já na mineira Pif-Paf Alimentos, com distribuição nos estados do Sudeste, Goiás e Bahia, os produtos prontos para consumo ainda representam uma fatia pequena das vendas, mas a empresa aposta na expansão desse mercado.

"Nós percebemos que há dois anos esse tipo de produto era muito consumido pelas classes A e B, mas com o ganho de renda da classe C esse passou a ser um nicho com mais potencial", lembra o gerente de relações institucionais da empresa, Cláudio Faria. A estratégia da empresa é atender principalmente os consumidores da classe C, onde eles veem que a concorrência é menor.

Segundo o executivo, as vendas da categoria têm ajudado a alavancar o crescimento da empresa e, este ano, a previsão é que as vendas de alimentos prontos para consumo cresçam 30% em volume, enquanto a empresa como um todo avança 8%. A empresa não divulgou os números de crescimento por categoria em 2014.

Outra fabricante mineira, a Forno de Minas, já consolidada na categoria de pão de queijo congelado, acaba de ingressar na categoria com uma linha de massas semiprontas para consumo.

"Nossa expectativa é boa, mas acabamos sacrificando um pouco a margem de lucro para chegar com preço atrativo", pondera o presidente da empresa, Helder Mendonça.

A Forno de Minas prevê vender mensalmente 100 mil toneladas do produto até o final de 2015 e alcançar pelo menos 20% de participação na categoria de massa refrigerada nos próximos dois anos.

Preço

O único fator que pode atrapalhar o desempenho da categoria este ano, avaliam os executivos ouvidos pelo DCI, é a deterioração do cenário econômico. "Mas a necessidade de ter opções mais práticas na rotina deve compensar o reflexo negativo no mercado menos aquecido", garante Claudio Faria, da Pif-Paf.



Veículo: DCI


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