Citricultura busca desoneração para ampliar o consumo interno de suco

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País tem a mais alta carga tributária dentre os principais consumidores da bebida, enquanto EUA, maior concorrente, não pagam impostos; pleito está em discussão com o governo desde 2013

 

 



Nos últimos dez anos, a queda no consumo global de suco de laranja levou à redução de 75 milhões de caixas de 40,8 quilos na demanda da indústria processadora. Agora, a saída para alavancar o setor está na ampliação do mercado interno através da desoneração tributária do produto final.

O diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, estima que o mercado doméstico tem potencial para absorver 50 milhões de caixas por ano. Atualmente, o País consome apenas 4,5 milhões.

Dados da associação - que reúne as maiores processadoras do setor, Cutrale, Citrosuco e Louis Dreyfus Commodities - mostram que uma caixa da fruta tem capacidade para produção de 20 litros de suco, com R$ 40 em impostos, isso significa 27% de tributação sobre a bebida ou 34% se considerada a cadeia produtiva completa. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Ibitinga e Tabatinga, Frauzo Ruiz Sanches, os últimos contratos foram fechados com a indústria entre R$ 14 e R$ 15 por caixa.

Mudança de cenário

"Se conseguíssemos as desonerações, o suco conhecido como néctar que tem preço médio de R$ 6,90 passaria a R$ 4,34. Já o tipo 100%, que é mais nobre, sairia de R$ 8,40 para R$ 5,35", projeta o diretor executivo.

Além disso, Netto enfatiza que para cada R$ 1 desonerado, existe a possibilidade de um retorno de R$ 2,44 para o governo com outras etapas do processo industrial, como embalagens, por exemplo. "Dos 40 países em que exportamos, que representam 99% do total embarcado, o Brasil é o que possui a mais alta carga tributária. Os Estados Unidos, maior concorrente, tem tributação zero", acrescenta.

O pleito está em discussão com a atual ministra da Agricultura, Kátia Abreu, desde 2013, quando a mesma presidia a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Porém, desonerar o produto em um momento de ajustes fiscais na política macroeconômica torna-se praticamente inviável.

Sobre isso, o diretor da CitrusBR diz que a ministra se prontificou em colocar o setor entre as principais pautas para que, assim que houver a possibilidade de facilitar a incidência tributária, a citricultura seja a "primeira da fila".

Vale lembrar que mesmo o consumidor brasileiro tendo acesso ao suco in natura, a fatia de mercado vislumbrada pelo segmento é a demanda interna que hoje é direcionada para outras bebidas industrializadas, que já estão nas gôndolas do varejo. "Quem toma suco natural vai continuar tomando e mesmo assim temos espaço para crescer aqui", esclarece Netto.

Mercado externo


Na União Europeia - líder no ranking das importações de suco de laranja, junto à Suíça - segue a campanha para melhoria do consumo. A região mantém participação de 64,8% do total embarcado pelo Brasil. Na sequência aparece os Estados Unidos com 21% das compras em função de episódios de quebra de safra na Flórida.

De acordo com a CitrusBR, a temporada de 2014/ 2015 deve terminar com um ganho de 5% sobre as exportações do período anterior, que enviou 1,091 milhão de toneladas de suco ao mercado internacional. Mesmo com o resultado positivo, a média ainda está abaixo de anos anteriores. Na safra 2006/2007, por exemplo, este volume era de 1,417 milhão.

Diante deste desempenho e da redução na demanda externa, o País passou a ser o principal foco do setor.

Preços


Sanches, presidente do sindicato de uma das principais regiões produtoras de citros, afirma que os estoques de passagem para esta safra devem chegar a 450 mil toneladas de suco, "um valor baixo para a indústria". Com isso e uma diminuição na produção por conta de doenças na lavoura, já é possível ver uma reação de alta nos preços.

"O grande problema é que o produtor vem de cinco anos consecutivos sem conseguir cobrir os custos totais de produção. Estão endividados e a remuneração melhor será para pagar o prejuízo", comenta.

Para a pesquisadora e professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq), Margarete Boteon, é hora de investir em gestão.



Veículo: DCI


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