Aos 13 anos, a paulista Inocência Manoel já fazia experimentos com produtos para alisar e tratar seus próprios cabelos crespos e mechas que recolhia do chão de um salão de beleza perto de sua casa, em Assis (SP). "Eu não suportava o meu cabelo armado", conta. Aos 15, a jovem alquimista já tinha seu próprio estabelecimento. Hoje com 60 anos, ela ainda testa os produtos desenvolvidos pelos técnicos da Inoar, fabricante de cosméticos que fundou em 2002. A palavra final é da "Inô", como é conhecida no mercado.
Para dar atenção total ao desenvolvimento dos produtos, área de que mais entende, Inocência ficou dois anos em busca de um executivo para comandar a empresa, que tem crescido a passos largos: para este ano, a previsão é faturar R$ 80 milhões, em alta de 50% sobre o ano passado. No fim de 2013, bateu o martelo e contratou um CEO. O escolhido foi o ex-diretor financeiro da Blau Farmacêutica e consultor de gestão Fábio Rubino, de 56 anos. Ele tem como missão preparar a Inoar para dar novos saltos e treinar o filho da fundadora, Alexandre Manoel, de 39 anos e responsável pela área comercial, para que assuma o posto dentro de alguns anos.
"2014 será um ano de estruturação da companhia", diz Rubino. A Inoar vai investir R$ 12 milhões este ano, principalmente na reforma e expansão de suas duas fábricas em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. A primeira unidade fabril vai mais que dobrar de tamanho - passando de 350 m2 para 740 m2 - e quadruplicar a capacidade produtiva até abril, chegando a 320 toneladas ao mês.
O portfólio de 180 produtos - como xampus, condicionadores, cremes de tratamento e óleos - é vendido principalmente no atacado e no varejo especializado, como perfumarias. A partir deste ano, alguns itens vão chegar às grandes redes de supermercados e, mais adiante, às farmácias. Em termos geográficos, a distribuição, hoje muito concentrada no Sul e Sudeste, também será ampliada para as regiões Nordeste e Centro-Oeste.
A escova de óleo de argan criada pela Inoar abriu o mercado externo para a empresa em 2009. A empresa vende seus produtos em 36 mercados, como Estados Unidos e países da Europa e do Oriente Médio. Em 2014, a companhia também planeja crescer no exterior: as operações internacionais devem passar de 10% a 20% da receita. Um escritório em Barcelona, na Espanha, deve se somar às unidades de Moscou, Londres e Roma.
Os carro-chefes da companhia são o óleo de argan, o óleo de macadâmia e o kit de tratamento BB Cream Hair. A Inoar tem outros cem produtos em desenvolvimento, segundo Rubino. Entre as novidades recentes, a empresa lançou "o primeiro alisamento e progressiva em pó do mundo", diz Inocência. Para o próximo ano, a fabricante também prepara a estreia em um novo segmento, o de produtos para a pele.
Rubino projeta que a companhia fature entre R$ 200 milhões a R$ 250 milhões em cinco anos. O plano não é concorrer com gigantes como Unilever, Procter & Gamble e L'Oréal. "Nossa visão é ser o principal player do segundo escalão, que é formado pelas empresas de pequeno e médio porte", diz o executivo.
Veículo: Valor Econômico