Indústria de higiene e beleza mantêm otimismo no ano

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O crescimento de apenas 3% na receita, descontada a inflação, após uma sequência de 17 anos com expansões fortes, em torno de 10% ao ano, abalou um pouco a indústria brasileira de cosméticos em 2013. Mas não tira o ânimo do setor, que já projeta um desempenho melhor para 2014.

O faturamento total no último ano chegou a R$ 38 bilhões, ante os R$ 34 bilhões obtidos em 2012, sem descontar a inflação, a expansão chegou a 11%, de acordo com os dados divulgados ao DCI pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).

"Descontando a inflação, o aumento de 3% em 2013 aparece um bom resultado, se levarmos em consideração que a economia cresce na casa dos 2,3%", explica o presidente da Abihpec, João Carlos Basilio. Segundo ele, em um primeiro momento, a taxa pode preocupar, visto que, em anos anteriores o índice foi bem superior. "É preciso dizer que nosso segmento estava mal acostumado. Passamos 17 anos seguidos com um crescimento real de 10%. Imaginávamos que completaríamos a maioridade neste compasso, mas não aconteceu."

Na visão do executivo, o setor foi afetado por dois problemas no ano passado: a alta da inflação e a burocracia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no processo de regulamentação de produtos da área. "Tivemos um problema sério com a Anvisa em 2013, que estava travada e, por isso, dois mil produtos que deveriam estar no mercado ficaram presos", diz. Segundo Basilio, essa demora fez com que o setor de higiene e beleza deixasse de faturar cerca de R$ 800 milhões neste período, visto que, 30% da receita bianual advêm dos lançamentos no segmento. "O problema já foi resolvido. Na semana passada, cerca de 1.300 processos já foram liberados. Agora, com a criação de um sistema on-line, o processo deve ser facilitado", reforça.

Além disso, o novo modelo de regularização deve ajudar o setor a entrar na rota de lançamentos internacionais simultâneos. "Do jeito que estava, os lançamentos feitos fora do Brasil demoravam mais de seis meses para chegar aqui. Isso agora vai mudar e as empresas instaladas no Brasil terão de reforçar seus aportes na área de pesquisa e de desenvolvimento (P&D) com o objetivo de antecipar essas tendências", acrescenta Basilio.

Para o presidente da Abihpec, os problemas enfrentados no ano passado com a inflação também devem ficar para trás em 2014. "O governo federal vem mostrando um controle mais rígido e mais efetivo em relação à inflação. Por isso, apostamos em um 2014 com resultados melhores", ressalta.

Em 2013, segundo Basilio, essa inflação impactou nas vendas de produtos com um maior valor agregado, consumidos em boa parte, pela classe média, faixa da população que sentiu um avanço superior da taxa de inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Em relação às tendências de mercado para este ano, Basilio afirmou que a categoria de cuidados com o cabelo deve prosseguir como a mais importante do setor em faturamento. O último estudo divulgado pela entidade em 2012, mostra que essa categoria de itens já é responsável por 22,8% do faturamento anual do setor, seguida pelo rentável segmento de fragrâncias, com 15,9%, e pela categoria de descartáveis, como fraldas e absorventes, com 11,9%.

 

Impostos


Apesar do otimismo, o segmento também acompanha as notícias sobre uma possível ampliação da cobrança de PIS e Cofins para as distribuidoras de cosméticos, ideia que teria sido cogitada pelo governo federal no mês passado, com o objetivo de aumentar a sua arrecadação. "O governo federal não nos procurou, mas fomos informados de que esse estudo existe e, obviamente, estamos preocupados", diz. Segundo ele, se a ideia sair do papel, os preços finais dos produtos vendidos pelo setor ficariam até 8% mais caros.

"Com uma alta dessas, nossas vendas cairão. O governo dará um tiro no pé. Sendo assim, nós perderíamos dois ou três anos de vida. A indústria brasileira de higiene e beleza levaria esse tempo para se recuperar. Por isso, nós torcemos para que a fala do ministro tenha acontecido em um momento de desabafo", conclui.

 


Veículo: DCI


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