Dilma descarta aumentar impostos sobre bebidas já

Leia em 2min 40s

Por Bruno Peres e Lucas Marchesini



A presidente Dilma Rousseff descartou, ontem, aumentar a tributação sobre o setor de bebidas frias - cerveja e refrigerante, principalmente - em um futuro próximo. Ao responder a perguntas de jornalistas, durante visita às usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, a presidente disse que "não se tem nos próximos dias nenhum interesse em fazer [isso]"

"Nós fizemos uma negociação com o setor de bebidas no sentido de que eles iam aumentar o consumo [durante a Copa do Mundo] e com isso compensariam e não teria aumento", explicou Dilma Rousseff.

Abordando o mesmo tema ontem, ainda antes das declarações da presidente Dilma, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, adotou um tom mais cauteloso. Quando questionado por jornalistas sobre o assunto, ele respondeu que o governo não desistiu do aumento e que pretende conversar com o setor em breve.

O aumento do tributo passa por uma correção da tabela do preço de referência dos produtos. Os impostos são calculados em cima dos preços incluídos nessa planilha. Assim, o aumento da carga tributária é, na verdade, aumento do preço de referência.

A Receita Federal chegou a divulgar uma nova tabela no primeiro semestre deste ano, que entraria em vigor antes da Copa, em 1° de junho. Na ocasião, representantes dos setores de bebidas frias e de bares e restaurantes tiveram reunião com o ministro da Fazenda e convenceram o governo a postergar o aumento.

Após o encontro, foi divulgado que a alta nos tributos aconteceria em 1° de setembro. A Receita Federal não respondeu aos questionamentos do Valor até o fechamento desta edição.

Procurada ontem, a fabricante de bebidas Ambev, a maior fabricante do setor, com quase 70% do mercado, disse que não comentaria o assunto. A Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) respondeu que só se pronuncia sobre o tema após ser informada oficialmente e em detalhes sobre o assunto.

As declarações de Dilma e de Mantega influenciaram o mercado acionário. Na Bovespa, as ações da Ambev fecharam o pregão de ontem com alta de 0,99%, a R$ 16,30, a maior cotação desde 30 de julho.

Para os analistas Karina Freitas, Daniela Martins e Danilo de Julio, da Corretora Concórdia, " um reajuste dos tributos neste momento pressionaria ainda mais os números do segundo semestre, que devem mostrar desaceleração após uma primeira metade do ano mais robusta - impulsionada pelo clima e pela Copa".

"O adiamento deve melhorar as projeções de crescimento para venda em volumes em 2014, e claramente traz algum alívio no curto prazo", avaliam, em relatório a clientes, os analistas Thiago Duarte e Enrico Grimaldi, do BTG Pactual. Mas os especialistas ponderaram que, levando em conta a urgência de ajuste fiscal enfrentada pelo governo, é de se esperar um cenário de aumento de carga tributária, o que prejudicaria os lucros no setor de bebidas - embora agora essa conjuntura pareça mais provável de ocorrer após as eleições - em outubro e novembro.

"Permanecemos neutros em Ambev e Andina, na crença que o cenário para o crescimento na linha de receita, com ou sem tributos a mais, é mais desafiador no Brasil e que uma reavaliação de valor para as empresas continua a ocorrer", diz o relatório do BTG Pactual. (Colaborou João José Oliveira, de São Paulo)



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Empreendedores apostam na bebida do momento, os sucos saudáveis

                    ...

Veja mais
Inovação no resfriamento de bebidas

Um paulista trouxe dos Estados Unidos um resfriador de bebidas, principalmente cervejas e refrigerantes, quase instant&a...

Veja mais
Pelas mulheres, Jack Daniel’s aposta no mel

                    ...

Veja mais
Governo adia, de novo, alta de imposto de bebida

Renata Veríssimo,Adriana Fernandes   Para evitar pressão inflacionária, elevaçã...

Veja mais
Miolo vai fabricar suco de uva na Bahia

Juliana BritoÚnica empresa vinícola da Bahia, a Miolo Wine Group anunciou um investimento de R$ 20 milh&ot...

Veja mais
Marcas de bebidas comemoram bons negócios este ano

Camila AbudA Mr. Beer, rede de franquias de cervejas especiais criada há cinco anos conta hoje com cerca de 80 lo...

Veja mais
Flórida dá suporte aos preços do suco

Por Fernando Lopes e Camila Souza Ramos | De São PauloDivulgadas no fim da semana passada, as duas estimativas pr...

Veja mais
Coca-Cola amplia portfólio

    Veículo: Brasil Econômico...

Veja mais
Grupo Hafil diversifica negócios com aposta no segmento de energéticos

Bruna KfouriSÃO PAULO - O Grupo Hafil, conhecido por sua atuação no mercado imobiliário, dec...

Veja mais