Rio Grande do Sul tem perdas de mais de R$770 mi em soja e arroz por chuvas

Leia em 3min 30s

O Rio Grande do Sul, um dos maiores produtores de grãos do Brasil, já registra perdas por chuvas excessivas nas lavouras de soja e arroz estimadas em quase 800 milhões de reais, informou nesta quarta-feira a Emater, o órgão de assistência técnica do Estado.

 

A estimativa foi feita após a Emater realizar levantamento sobre os efeitos das chuvas, que chegaram a mais de 600 milímetros em alguns municípios em apenas uma semana, especialmente na região da Campanha e Fronteira Oeste do Estado, o maior produtor de arroz do Brasil.

 

A situação no Rio Grande do Sul, tradicionalmente o terceiro produtor de soja do Brasil, difere de outros Estados do país, que sofreram com a seca e altas temperaturas, motivando revisões para baixo nas estimativas de produção nacional da oleaginosa para 117 milhões de toneladas, segundo pesquisa da Reuters publicada nesta quarta-feira.

 

“O levantamento (da Emater) aponta para prejuízos significativos, especialmente para alguns municípios e para agricultores de áreas mais baixas e próximas aos rios, que saíram do leito nesse período”, disse o diretor-técnico da instituição, Lino Moura, em nota.

 

Foram levantados dados de 52 cidades mais atingidas —destes municípios, 16 decretaram situação de emergência, disse a Emater.

 

A situação foi considerada grave ao ponto de a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, marcar viagem na quinta-feira ao Estado, para contatar integrantes do setor.

 

Com a seca no Paraná desde o final do ano passado, analistas chegaram a apontar a possibilidade de o Rio Grande do Sul superar o outro Estado sulista como segundo produtor nacional.

 

Nas lavouras de soja naquelas mesmas regiões gaúchas, que totalizam pouco mais de 1 milhão de hectares cultivados, a Emater estimou prejuízos em 275 mil hectares, atingindo 1.950 produtores e ocasionando perdas de 339 mil toneladas, ou 435 milhões de reais somente nos 52 municípios.

 

“Municípios de outras regiões também terão perdas por falta de luminosidade e excesso de água no solo, mas ainda é cedo para uma avaliação mais consistente. O controle de pragas e doenças também foi prejudicado em alguns locais pelas chuvas e excesso de umidade no solo”, disse o órgão de assistência técnica.

 

Antes dos problemas pelas chuvas, a safra gaúcha de soja havia sido estimada pelo governo brasileiro em 18,7 milhões de toneladas.

 

A Emater também apontou problemas para o arroz irrigado, com 50.300 hectares alagados por rios e com perdas estimadas em 461 mil toneladas, totalizando 342 milhões de reais de prejuízo estimado.

 

Pelo último levantamento do Ministério da Agricultura, antes das perdas pelas chuvas, a expectativa era de que o Estado produzisse 7,88 milhões de toneladas de arroz.

 

Uma avaliação mais consistente dos prejuízos poderá ser feita após o retorno da normalidade dos níveis dos rios, acrescentou a Emater.

 

De acordo com a previsão climática, segundo o Refinitiv Eikon, as chuvas perderão intensidade até o início de fevereiro, ficando abaixo da média histórica para o período em todas as regiões produtoras gaúchas.

 

A situação de déficit de chuvas continuará em outros Estados produtores, como Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

 

Na cultura do milho do Rio Grande do Sul, os chuvas atingiram 13.500 hectares, com perdas de 14,2 mil toneladas, representando um prejuízo de 9 milhões de reais, segundo a Emater.

 

O Rio Grande do Sul também teve danos pelas chuvas em estradas, o que pode prejudicar o escoamento da produção, especialmente de leite.

 

A situação vivenciada por agricultores gaúchos também foi registrada na Argentina em janeiro.

 

Cerca de 2 milhões dos 17,8 milhões de hectares plantados com soja, a principal cultura comercial da Argentina, foram danificados pelas fortes chuvas, segundo informações do setor.

 

Fonte: Reuters


Veja também

Seca reduz safra de soja do Brasil em 2% ante 2018; mais perdas esperadas, dizem analistas

Chuvas irregulares e altas temperaturas nas principais áreas produtoras de soja do Brasil retiraram o potencial d...

Veja mais
Vendas de voltas às aulas podem crescer 4,5%, diz pesquisa

O varejo paulista começa o ano confiante e preparado para a Volta às Aulas de 2019. A pesquisa de expectat...

Veja mais
CNA e representantes da indústria discutem remuneração de produtores de aves e suínos

Representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Associação ...

Veja mais
Café: Ano de bienalidade negativa pode ter safra recorde

Depois da safra recorde em 2018/19, as expectativas do setor ainda são de produção satisfató...

Veja mais
Suinocultores em busca de margens para se manter no setor

Os suinocultores brasileiros sofreram com a queda de margens em 2018, resultado do aumento dos custos e da queda nos pre...

Veja mais
Feijão-carioca sobe 15% em um dia

Parte do movimento de alta vem sendo “puxado” por alguns cerealistas que estão com posiç&otild...

Veja mais
Preço do leite estável marca o início do ano

O ano de 2019 começa com estabilidade nos preços do leite no Rio Grande do Sul. Segundo dados divulgados o...

Veja mais
Ministério da Agricultura aprova registro de agrotóxicos de alta toxicidade

O Ministério da Agricultura autorizou o registro de 28 agrotóxicos e princípios ativos. Outros arti...

Veja mais
Grandes redes varejistas apostam em startups para ganhar eficiência

No acirrado mercado varejista, onde as margens geralmente são menores que em outros setores, grandes grupos como ...

Veja mais