Leilão das ações da Via Varejo movimentou R$ 225 milhões na B3

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O leilão das ações ordinárias da Via Varejo, empresa de eletroeletrônicos que é dona das redes Casas Bahia e Pontofrio, movimentou R$ 225 milhões na B3 nesta quinta-feira. Foram vendidas pelo Grupo Pão de Açúcar 51,729 milhões de ações, o equivalente a 3,99% do capital da empresa. A expectativa inicial era de que fossem vendidas 50 milhões de ações, ou 3,86% do capital. O preço dos papeis ficou em R$ 4,35. O teto estabelecido era de R$ 4,42, segundo comunicado da B3.

 

Antes de vender essa fatia, o GPA detinha 43,23% do capital votante da empresa. As ações ordinárias da Via Varejo sobem 1,16% a R$ 4,35 na B3, enquanto as preferenciais do Pão de Açúcar perdem 0,10% a R$ 77,68.

 

Na sexta-feira passada, o Grupo Pão de Açúcar informou que venderá sua participação na empresa no mercado até fim de 2019, se não achar um comprador único para seu bloco de ações. A Via Varejo está à venda desde 2016, mas até agora o negócio não foi concretizado.

 

Para a analista Betina Roxo, da XP Investimentos, a venda da participação do GPA no mercado, caso a empresa não seja vendida a um comprador estratégico, pode gerar pressão às ações da Via Varejo, além da incerteza em relação às tomadas de decisão com a potencial falta de um acionista controlador. Por enquanto, o GPA segue como controlador.

 

Além da venda, também foi anunciada uma nova troca de comando na Via Varejo, a quarta em cinco anos. Flavio Dias, atual presidente, deixará o cargo e assumirá novamente o comando da empresa Peter Estermann, atual presidente do GPA, que comandou a Via Varejo de setembro de 2015 a abril de 2018. Estermann ficará no comando das duas empresas. Na semana passada, Jorge Faiçal, que era era diretor-executivo comercial do Extra e do Pão de Açúcar, foi indicado para comandar o comercial da Via Varejo.

 

Segundo a Via Varejo, Peter Estermann terá, como uma de suas principais prioridades, implementar e concluir um processo de mudanças importantes na companhia, com finalização da já iniciada integração das operações offline e online e buscar a retomada da rentabilidade da companhia nos primeiros meses de 2019. Ele vai ocupar simultaneamente a presiência da Via Varejo e do GPA, algo inédito na empresa, e também já dirigiu a Cnova, empresa que administra as operações de internet do Grupo Casino.

 

"Vemos a reestruturação do time como positiva", escreveu a analista da XP Investimentos sobre a mudança de comando na Via Varejo.

 

Para Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, a Via Varejo é um ativo interessante e criou-se a expectativa de que a participação do Pão de Açúcar na empresa seria vendida em bloco. Como isso não aconteceu, o papel foi sendo impactado negativamente.

 

— Isso fez a ação cair cerca de 45% no ano. A empresa é um ativo interessante, investiu nas operações online. Mas criou-se a expectativa de que todo o bloco mantido pelo GPA seria vendido de uma vez. Agora, com a oferta a mercado, fica a questão sobre quem serão os compradores — diz Galdi.

 

Os papéis oferecidos hoje na B3 são vendidos a um banco, que depois vai repassar ao mercado, no melhor momento, segundo modelo estabelecido. A diferença entre o valor comprado e o valor vendido, será repassada ao GPA, segundo relatório do BTG.

 

Galdi lembra que embora a Via Varejo tenha investido na operação online, enfrenta a concorrência forte de redes como a Magazine Luiza e B2W, que reúne os sites da Americanas.com, Submarino e Shoptime. Considerando as lojas físicas da Via Varejo são mil unidades das Casas Bahia e do Ponto Frio. A Via Varejo fatura cerca de R$ 29 bilhões ao ano.

 

Um analista de banco que prefere não se identificar observa que ao vender seus papeis no mercado, o Casino, controlador do GPA, está abrindo mão de um prêmio para se desfazer do controle da empresa. A família Klein, fundadora das Casas Bahia, possui 25,53% do negócio e é o segundo maior acionista. No mercado, há pouco mais de um ano, circularam informações que os Klein queriam retomar o controle da empresa.

 

Em entrevista ao GLOBO à época, Michel Klein, Presidente do Grupo CB, afirmou que a informação não procedia e não havia intenção de aumentar sua participação acionária na empresa.

 

—  Não tive conversas nesse sentido. Se fosse para recomprar, não teria feito a venda. Continuamos como o segundo maior acionista. E parece que os franceses do Casino (que controla o Pão de Açúcar) alinharam o rumo. Sou membro do conselho e a decisão de colocar a Cnova Brasil (empresa que administra os negócios de comércio eletrônico do grupo Casino e de suas subsidiárias) sob a mesma gestão da Via Varejo foi insistência da minha parte. Com gestões separadas, a internet e as lojas físicas tinham virado concorrentes. Agora vão fazer do meu jeito - disse Klein.

 

Mesmo assim, lembra o analista de banco, com a venda das ações do controlador, o peso dos Klein na Via Varejo vai aumentar, inclusive para interferir na gestão apontando nomes estratégicos para a operação.

 

Fonte: O Globo/RJ

 


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