Agricultor vê produção menor em 2018/19 diante de atrasos

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A perspectiva de atraso no plantio – em razão da demora nas entregas e da elevação dos preços de insumos – deve fazer com que a produção de soja na safra 2018/2019 seja inferior ao recorde de 119 milhões de toneladas de 2017/2018.

 

Em um cenário de incertezas, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz, reforça a expectativa de que as lavouras devam repetir os 35,2 milhões de hectares da safra anterior, considerando dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 

A projeção inicial da Aprosoja era de um crescimento de 4% na área. “Diante da expectativa de atraso no plantio, em decorrência da demora na entrega dos insumos e da indefinição quanto aos preços de frete, o que afeta a venda dos grãos e a compra dos produtos para o campo, esperamos repetir a área de 2017/2018”, afirma.

 

A safra deve começar a ser semeada na segunda quinzena de setembro em meio às vendas antecipadas ainda em ritmo lento, conforme Braz. “Estamos plantando a soja com o dólar a R$ 4 sem saber a quanto vamos vender e o quanto vamos pagar pelo transporte”, afirma.

 

Ontem, a consultoria INTL FCStone projetou uma colheita recorde de 119,18 milhões de toneladas para a oleaginosa no País, alta de 0,25% ante 2017/2018.

 

A consultoria estima avanço de 2% na área, que deve atingir 35,8 milhões de hectares devido ao incremento das intenções de plantio no Centro-Oeste e no Rio Grande do Sul. “Mesmo com o crescimento de área, pelo menos por enquanto, não se espera que a produtividade excepcional do ciclo 2017/18 se repita em alguns estados”, pondera a analista de mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi, em nota.

 

A produtividade média nacional de soja é projetada em 3,32 toneladas por hectare.

 

O cenário de preços ao produtor, contudo, deve se manter positivo, amparado pela alta do dólar e guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. “Os preços podem melhorar ainda mais, mas isso vai depender das eleições”, afirma o consultor de mercado da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.

 

Ele estima que se algum dos candidatos com perfil “não-reformista” for eleito, a cotação pode romper a barreira dos R$ 4,20. “É um momento interessante para a venda, porque temos dólar e prêmios nos portos elevados, compensando a queda em Chicago, além de uma demanda firme.”

 

A consultoria projeta o embarque de 75 milhões de toneladas neste ano, 5 milhões a mais do que no ano passado. Para a Aprosoja, o incremento deve ser de 15% ante 2017.

 

Glifosato

 

Se a indefinição da tabela do frete e a elevação dos custos de produção continuam a preocupar o sojicultor às vésperas do plantio, nesta segunda-feira (03) os produtores puderam riscar pelo menos um item da lista de incertezas com a derrubada da liminar que havia suspendido o uso de produtos à base de glifosato e de outros agroquímicos nas lavouras.

 

A preocupação com a questão era tamanha que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, chegou a anunciar que a liminar havia sido cassada antes mesmo da decisão.

 

O presidente em exercício do TRF-1, desembargador Kássio Marques, acatou recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) por entender que está caracterizada a “grave lesão à ordem pública” na suspensão do uso do produto.

 

Conforme Braz, as dúvidas sobre o uso do herbicida teriam levado a um aumento do insumo. Relatório do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica aumento de 1,72% dos preços glifosato em julho sobre o mês anterior e elevação de 11% na comparação anual.

 

Fonte: DCI

 


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