Produtores contestam pesquisa do IBGE

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A estimativa de uma safra 2017 de café maior que a prevista anteriormente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vem sendo contestada pelos representantes da cafeicultura de Minas Gerais. No País, o volume estimado inicialmente em 45,6 milhões de sacas foi reajustado, em agosto, para 47,8 milhões de sacas, aumento de 1,1%. Já em Minas, a previsão passou de 26 milhões de sacas para 26,41, variação positiva de 1,5% na comparação mensal. Além dos problemas relacionados ao clima, como a estiagem durante o período de granação e as chuvas no período da colheita, a maior infestação dos cafezais com a broca do café e a ferrugem tardia provocaram quebra na produção e perda da qualidade. 

 

A estimativa da produção de café total no País, segundo o IBGE, é de 2,86 milhões de toneladas, ou 47,8 milhões de sacas de 60 quilos, um aumento de 1,1% em relação ao levantamento divulgado no mês anterior, que era de 45,6 milhões de sacas de 60 quilos, mas ainda 6% inferior à safra 2016. O relatório divulgado pelo IBGE aponta para uma produtividade média 1,4% maior e a constatação de café de maior qualidade, com grãos maiores e mais pesados.

 

Em Minas Gerais, maior produtor de café, com participação de 55,3% do total a ser colhido pelo País, a estimativa do IBGE para a produção cresceu 1,5% em relação ao mês anterior, com o rendimento médio 1,9% superior. A previsão é colher 1,58 milhão de toneladas ou 26,41 milhões de sacas de 60 quilos. Na comparação com a safra passada, a queda estimada é de 13,6%.

 

Divergência - No entanto, segundo a analista de Agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Faemg, Ana Carolina Gomes, os valores divulgados pelo IBGE não são condizentes com o que os produtores de café de Minas Gerais estão vendo no campo e relatam uma safra menor que a anunciada inicialmente, que era de 26 milhões de sacas.

 

“Além da quebra, a qualidade do café também está abaixo do esperado muito em função das infestações de broca e da ferrugem tardia, em algumas regiões. Além disso, a estiagem registrada no início do ano prejudicou a granação do café e interferiu no tamanho, sendo necessário maior volume de café para compor uma saca. Então, os produtores estão trabalhando com um menor rendimento, com grãos menores gerando uma quebra significativa. Ainda não conseguimos levantar o valor dessa quebra porque estamos esperando findar a colheita para colocar no papel o que realmente aconteceu”, explicou Ana Carolina.

 

O presidente do Sindicato Rural de Lajinha, nas Matas de Minas, Júlio Hybner, relata perdas significativas na região. “Os dados apontados pelo IBGE não refletem a realidade da nossa região. No ano passado, nossa cooperativa recebeu 600 mil sacas de café e, até meados de setembro, não tinha atingido 400 mil sacas. Não vejo possibilidade nenhuma de atingir os níveis divulgados pelo IBGE. A quebra é evidente e deve ficar em torno de 40%, no mínimo. Na região, temos cafeicultores que estão com  a produção estimada em 20% do volume colhido em 2016”.

 

A qualidade da safra de café na região das Matas de Minas também foi prejudicada pelas chuvas no período de colheita. “O aumento da qualidade também não é nossa realidade. Este ano, os cafés cereja que teriam classificação especial se colhidos em agosto estavam em junho e julho murchos e secos. Além disso, o período anormal de chuvas aumentou a incidência de grãos mofados. Não tivemos nesta safra aumento de qualidade, nem de tamanho e nem de peso dos grãos”.

 

2018 - O presidente do Sindicato Rural de Patrocínio, na região do Cerrado, Osmar Pereira Nunes Júnior, explica que o ano de 2017 já seria de safra baixa, com quebra de 20% a 25%. Porém, o rendimento das lavouras está bem inferior. Outra preocupação é a safra 2018, com os cafezais desfolhados em função do longo período de estiagem, Nunes acredita que a próxima safra também será prejudicada.

 

“O que aconteceu foi uma segunda quebra no rendimento das nossas lavouras, onde esperávamos colher 40 sacas, nós tivemos quebra de mais 20%. Hoje, na região do Cerrado, a decepção é geral em função da quebra grande e da qualidade menor do que esperávamos. Outro agravante muito sério é o preço que não recuperou e não estão remunerando os cafeicultores. Para a safra 2018, que parecia ser grande, com a seca, a quebra ainda vai acontecer também. Os cafeeiros estão bem desfolhados e com bicho mineiro. O cafeicultor precisa de apoio”.

 

 

Fonte: Diário do Comércio de Minas

 

 


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